Nas quatro cidades com maior eleitorado de Goiás — Goiânia (1,4 milhão habitantes), Aparecida de Goiânia (527 mil habitantes), Anápolis (398.818 habitantes) e Rio Verde (225.696 habitantes) — o PL do senador Wilder Morais e os partidos governistas liderados pelo governador Ronaldo Caiado, do União Brasil, e pelo vice-governador Daniel Vilela, do MDB, devem fazer duelos ferozes na disputa de 2024.
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Goiânia
Em Goiânia, o PL tem um candidato eleitoralmente consistente, o deputado federal Gustavo Gayer. Se não for cassado pela Justiça (como “exigem” o senador Vanderlan Cardoso e outros políticos), o parlamentar terá condições de ir para o segundo turno contra o candidato do governismo — Ana Paula Rezende, do MDB, ou Bruno Peixoto, do União Brasil — ou contra o postulante do PSD, Vanderlan Cardoso.
O candidato que vencer em Goiânia se tornará, por certo, o maior general eleitoral da disputa de 2026. Se Gustavo Gayer foi eleito, o possível candidato do partido a governador, Wilder Morais, terá a musculatura reforçada. No entanto, se o candidato do governismo for eleito — e tanto faz se for Ana Paula Rezende ou Bruno Peixoto —, Daniel Vilela, o candidato que será bancado por Ronaldo Caiado, irá mais forte, em termos de estrutura, para a disputa do governo do Estado.
A direita tem um problema em Goiânia. Mais do que adversários, Gustavo Gayer e Vanderlan Cardoso se tornaram inimigos. O senador faz questão de dizer aos aliados que não tem o mínimo respeito pelo deputado federal, sobre quem estaria de posse de um dossiê gigantesco. O mesmo ocorre com o líder do PL — que não tem nenhum apreço pelo líder forjado em Senador Canedo. A guerra entre os dois tende a ser brutal e os dossiês serão explosivos (o deputado também tem cartas na manga).
A campanha pode ser tão pesada, com acusações graves, que tanto Gustavo Gayer quanto Vanderlan Cardoso podem sair “destroçados”, eleitoralmente, da disputa.
O prefeito Rogério Cruz, do Republicanos, está no jogo. A contratação de Jorcelino Braga como marqueteiro mostra que o gestor municipal acredita que tem chance de ganhar o pleito. Quem controla a máquina, mesmo se não liderar as pesquisas iniciais, não deve ser subestimado.
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Aparecida de Goiânia
Em Aparecida, o PL decidiu bancar a candidatura do deputado federal Professor Alcides Ribeiro. Teme-se, porém, que, na hora agá, se perceber que o prefeito Vilmar Mariano (que deve se filiar ao MDB) está fortalecido — por causa do apoio do ex-prefeito Gustavo Mendanha, de Ronaldo Caiado, de Daniel Vilela e do Delegado Waldir Soares —, pode abandonar a candidatura para apoiá-lo. É uma hipótese.
No momento, Professor Alcides é o postulante do PL. Tanto que está aumentando o tom de suas críticas à gestão de Vilmar Mariano, de quem é (ou era) aliado, pois indicou três secretários para sua gestão e nenhum deles pediu demissão.
Wilder Morais, que planeja disputar o governo de Goiás em 2026, contra Daniel Vilela, o candidato de Ronaldo Caiado, quer ter um pé na política de Aparecida — a cidade que tem o segundo maior eleitorado do Estado, atrás apenas de Goiânia e bem à frente de Anápolis.
Uma vitória de Vilmar Mariano fortalece o governismo, portanto a candidatura de Daniel Vilela a governador, e enfraquece a oposição, notadamente Wilder Morais.
O PSD planeja lançar o ex-prefeito Ademir Menezes. Porém, na última hora, ele pode aceitar a vice de Vilmar Mariano.
O Podemos pode lançar a candidatura do deputado federal Glaustin da Fokus. O problema do parlamentar é a falta de apoio. Uma campanha solo, numa cidade como Aparecida, não funciona. Para ganhar é preciso estar conectado a um grupo poderoso. Há quem postule que o parlamentar e empresário pode operar para tentar lançar o vice de Vilmar Mariano. Acrescente-se que Felipe Cortês está arregimentando forças para disputar a prefeitura pelo Podemos. Ele foi bem votado no município para deputado estadual.
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Anápolis
Em Anápolis há um componente diferente. O candidato mais forte, no momento, é o deputado estadual Antônio Gomide, do PT. E, contando com o apoio do presidente Lula da Silva, um padrinho dos mais fortes, suas chances aumentam.
Não só. As forças governistas na cidade estão divididas. Por isso, a possibilidade de Gomide ser eleito é ainda maior.
O MDB planeja lançar o empresário e dentista Márcio Corrêa, primeiro suplente de deputado federal. Ligado ao vice-governador Daniel Vilela, é apontado como um candidato consistente.
Porém, para derrotar um postulante sólido como Gomide, cuja expectativa de poder é imensa, Márcio Corrêa precisa de algo mais. Ou seja, uma aliança forte. Quem poderá apoiá-lo?
O vereador Hélio Araújo, do PL, pretende ser o vice de Márcio Corrêa. Se isto acontecer, consagra-se uma aliança estranha entre o MDB de Daniel Vilela e o PL de Wilder Morais. Qual a lógica? Eleitoral, apenas? Porque, em 2026, se Daniel Vilela e Wilder Morais forem candidatos, Márcio Corrêa ficará com o primeiro e Hélio Araújo ficará com o segundo.
Como o bolsonarismo é forte na cidade, a aliança entre MDB e PL fortalece Márcio Corrêa. Porém, há uma pedra no caminho. Se não for candidato a prefeito de Goiânia, e tudo indica que não será, o ex-deputado federal Vitor Hugo poderá ser o candidato a prefeito pelo PL.
Hélio Araújo é o presidente do partido e tem mandato de vereador. Mas quem manda no PL é Bolsonaro e Valdemar Costa Neto. Por isso, se o ex-presidente da República disser que o candidato a prefeito será Vitor Hugo, o vereador Hélio Araújo ficará a ver navios.
O prefeito Roberto Naves tem nomes para a disputa: o ex-ministro Alexandre Baldy, do pP, o vice-prefeito Márcio Cândido (talvez pelo PSD) e o vereador Leandro Ribeiro, do pP. Baldy disse ao Jornal Opção que não está em seus planos disputar a prefeitura, em 2024. Márcio Cândido e Leandro Ribeiro estão com o nome à disposição.
Político atuante, que gosta de correr riscos, Roberto Naves pode bancar a candidatura de Vitor Hugo. Se isto acontecer, o ex-deputado se tornará um dos principais players da disputa e passará a ter chance de ser eleito.
Se for eleito prefeito, Vitor Hugo apoiará Wilder Morais para governador. O pP de Roberto Naves e Alexandre Baldy daria este “presente” ao principal opositor de Daniel Vilela? É possível.
A chapa verdadeiramente realista, e que contaria com o apoio do Palácio das Esmeraldas, possivelmente incluiria Márcio Corrêa, como candidato a prefeito, e um vice indicado por Roberto Naves. Mas é difícil, muito difícil — mas talvez não impossível —, colocar os dois políticos no mesmo palanque. Precisaria de uma intervenção direta de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela, que, naturalmente, não querem ver um petista instalado na Prefeitura de Anápolis. Vale sublinhar que Ronaldo Caiado deve ser candidato a presidente da República, em 2026, e terá, em Goiás, Daniel Vilela como seu grande cabo eleitoral.
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Rio Verde
O quadro pré-eleitoral de Rio Verde está inteiramente aberto. A tendência é que se tenha dois candidatos — ou, no máximo, três — com condições de vencer o pleito.
O prefeito Paulo do Vale, do União Brasil, tende a bancar o médico Wellington Carrijo, do MDB, ou o vice-prefeito Dannillo Pereira, do PSD. Qualquer que seja o candidato bancado pelo gestor municipal será um postulante forte.
O PL ainda não se definiu, mas a tendência é que o presidente do partido, Wilder Morais, banque a candidatura do médico Osvaldo Fonseca Júnior. Este disputou mandato de prefeito em 2020, pelo MDB, e ficou em segundo lugar, mas com uma votação expressiva. Ele pode ser apoiado pela deputada Marussa Boldrin, a nova chefe política do MDB no município. Os dois estão conversando com frequência.
Marussa Boldrin argumenta, de maneira lógica, que, para derrotar o candidato de Paulo do Vale, a oposição terá de marchar unida. Porém, ao assumir o comando do MDB, a parlamentar irá apoiar Wellington Carrijo? Não se sabe. Ela teria dito ao vice-governador Daniel Vilela que não vetaria a candidatura do médico. Mas, no grupo de Paulo do Vale, teme-se que, na hora agá, ela puxe o tapete do aliado do prefeito.
O conflito entre Marussa Boldrin e Paulo do Vale tem uma lógica político-eleitoral. Em 2026, a deputada vai tentar a reeleição e deve ter, como principal adversário na cidade, o deputado estadual Lucas do Vale, filho do prefeito, que irá disputar, possivelmente, uma vaga na Câmara dos Deputados, em Brasília. É o busílis da questão. Se Lucas do Vale recuar, optando pela reeleição, abre-se a possibilidade de a parlamentar apoiar Wellington Carrijo para prefeito. Mas tudo precisará ficar bem “amarrado”.
Há outros dois nomes: o ex-deputado estadual Lissauer Vieira e Dannillo Pereira, ambos do PSD. Há quem aposte que Lissauer Vieira será candidato. Ao Jornal Opção, por whatsapp, o ex-parlamentar disse que colaborou com Paulo do Vale e, por isso, espera alguma retribuição política. Se candidato, dada sua ligação com setores do agronegócio, será um candidato forte.
Perguntado pelo Jornal Opção se estaria articulando a montagem de uma chapa com Osvaldo Fonseca Júnior, Lissauer Vieira disse que “não”. Acrescentou que não se encontrava com o médico há muito tempo.
Em termos de 2026, a tendência é que Paulo do Vale, Lucas do Vale e Wellington Carrijo marchem com Daniel Vilela. Marussa Boldrin, embora filiada ao MDB, é uma incógnita. Seu padrinho político, o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, praticamente adotou a casa de Wilder Morais como “escritório” político. O empresário e senador teria prometido bancá-lo para senador em 2026.
Há quem postule que Marussa Boldrin e José Mário Schreiner — que vive dizendo que ela só foi eleita por causa de seu apoio, como se a deputada não tivesse méritos — não falam mais a mesma língua política.
A respeito de Lissauer Vieira, sobretudo se disputar e perder a eleição, não se sabe o que fará em 2026. Pode apoiar tanto Daniel Vilela quanto Wilder Morais. É provável que fique mais próximo de quem não se mantiver distante dele em 2024.
O PT pode bancar Professor Vavá, que disputou em 2020, ou o produtor rural Flavio Faêdo. São nomes respeitáveis na cidade, mas com escassas chances de vencer pesos-pesados como Wellington Carrijo, Lissauer Vieira e Osvaldo Fonseca Jr. (E.F.B.)
FONTE: JORNAL OPÇÃO