Caso Marielle: investigações continuam e novas delações são esperadas: “Novo patamar”, diz Flávio Dino
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Apuração ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (24) após revelações do ex-policial militar Élcio Queiroz
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Socióloga e mestre em Administração Pública, Marielle Franco era vereadora do Rio de Janeiro. Ela foi assassinada em 14 de março de 2018 em um atentado ao carro onde ela estava; 13 tiros atingiram o veículo
Crédito: Reprodução/Instagram
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Anderson Gomes, motorista do carro que levava Marielle, também morreu no atentado
Crédito: Reprodução/Facebook
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Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são os acusados do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes
Crédito: Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil
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A Justiça brasileira segue na busca pelos mandantes do assassinato da vereadora
Marielle era presidente da Comissão da Mulher na Câmara; segundo o Instituto Marielle Franco, ela iniciou sua militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e perder uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e traficantes no Complexo da Maré
Crédito: Reprodução/Instagram
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A irmã de Marielle, Anielle Franco, é ministra da Igualdade Racional do Brasil do governo Lula
Crédito: Reprodução/Instagram
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Marielle Franco era casada com a também vereadora Monica Benicio
Conforme relatos feitos à CNN, nas últimas semanas, a Polícia Federal recebeu sinalizações sobre a disposição de suspeitos de envolvimento no assassinato prestarem depoimento.
A avaliação dos policiais é de que a delação premiada de Élcio tem potencial de gerar um efeito cascata sobre outros nomes na mira da investigação da PF.
Isso aconteceria porque outros investigados podem aderir a acordos de delação premiada até para se blindarem de eventuais acusações.
“A investigação agora se conclui em relação ao patamar da execução e há elementos para um novo patamar, qual seja investigação dos mandantes do crime. Naturalmente, há aspectos que ainda estão em segredo de Justiça”, expôs o ministro.
Dino reiterou que as investigações continuam em aberto, e que a operação da PF e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) desta segunda-feira marcam o fim de uma etapa do processo investigativo.
“Nas próximas semanas, provavelmente haverá novas operações derivadas desse conjunto de provas colhidas hoje”, acrescentou.
Dino ainda disse que “é indiscutível” o envolvimento das milícias do Rio de Janeiro no caso, “até onde vai isso, as novas etapas vão revelar”.
“Sem dúvida, há a participação de outras pessoas, isso é indiscutível. As investigações mostram a participação das milícias e do crime organizado do Rio de Janeiro no crime”, informou o ministro da Justiça, dizendo que “não há crime perfeito”.
“Os fatos até agora revelados e as novas provas colhidas indicam isto, que há forte vinculação desses homicídios, especialmente o da vereadora Marielle, com atuação das milícias e do crime organizado no Rio de Janeiro. Isto é indiscutível. Até onde vai isso? As novas etapas vão revelar”, completou.
O que foi dito na delação sobre o assassinato de Marielle e Anderson
Maxwell seguia os passos de Marielle, se desfez de armas e levou o carro utilizado no crime para desmanche;
Ronnie Lessa foi de fato quem disparou os tiros que mataram Marielle e Anderson.
Élcio narrou também a participação de um terceiro indivíduo, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa.
Conhecido como Suel, ele fazia “campana” seguindo os passados de Marielle, e ainda teria ajudado a esconder armas de Ronnie Lessa e levado o carro utilizado na noite do crime para um desmanche. O ex-bombeiro já havia sido preso, em junho de 2020, por obstrução de Justiça, acusado de atrapalhar as investigações da morte da vereadora e do motorista, mas cumpria a pena em regime domiciliar.
“Maxwell auxilia no crime tanto antes, na manutenção e guarda do carro, na vigilância da vereadora. Após o crime, ele auxilia os executores a trocar as placas do veículo, auxilia também ao contatar a pessoa que foi responsável por se desfazer do carro. E Maxwell era quem auxiliava na manutenção da família do Élcio. Ele vinha auxiliando os executores a se eximirem da sua participação do crime. Ele solto continuaria a se desfazer de provas, com indícios de movimento do Maxwell em atividades de organização criminosa”, disse o promotor Eduardo Morais.
“Conseguimos, em um trabalho conjunto com o MP, exaurir e determinar com muita precisão, e com lastro probatório muito importante e firme, como foi aquele dia 14 de março de 2018”, disse o superintendente regional da PF, Leandro Almada da Costa.
O superintendente ainda disse que, com a delação, “um pacto de silêncio foi rompido” com a delação.
O crime remontado
Ronnie pesquisou CPF e endereço de Marielle e sua filha dois dias antes do assassinato;
Delator detalhou rota de fuga, com pedido de táxi feito pelo irmão de Ronnie Lessa, que foi rastreado pela PF.
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O que aconteceu antes assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes
Crédito: Arte/CNN
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O que aconteceu depois do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes
Crédito: Arte/CNN
Um ponto importante de avanço do caso revelado nesta segunda-feira (24) foi que os investigadores descobriram que Ronnie Lessa fez pesquisas sobre o CPF e endereço da vereadora Marielle Franco e sua filha Luyara Franco dois dias antes do crime. Essa pesquisa foi feita de um site privado de pesquisas de crédito.
“Esse fato não tinha sido explorado pela persecução penal, é um fato que foi colhido pelo Ministério Publico e trabalhado em conjunto e quando apresentado ao colaborador de fato foi um incentivo a sua colaboração”, disse o delegado da PF, Guilhermo Catramby sobre a negociação para Élcio topar a delação.
Segundo a investigação, às 12h do dia 14 de março de 2018, por meio de aplicativo de mensagens, Ronnie convida Élcio Queiroz para sua residência, no condomínio Vivendas da Barra.
No local, Élcio avista Ronnie com uma bolsa. Em seguida, relata o delegado, ambos embarcam no Chevrolet Cobalt prata em direção à Casa das Pretas, no bairro da Lapa, onde Marielle participava de um evento com tema “Mulheres negras movendo estruturas”.
Ao chegar no local, Ronnie Lessa passou para o banco de trás, onde se equipou com as armas. Quando a vereadora deixa o evento em um carro dirigido pelo motorista Anderson Gomes e acompanhada de sua assessora Fernanda Chaves, “ambos seguiram, emparelharam e aí nós sabemos o que aconteceu”, disse Catramby.
Por volta das 21h, o carro de Marielle é alvejado com 13 tiros de uma submetralhadora HK MP5. Marielle foi atingida por quatro tiros na cabeça e Anderson, por três. Os dois morreram no local. Fernanda não foi atingida, mas ficou ferida pelos estilhaços.
Após cometerem o crime, ambos tomaram o acesso à Avenida Brasil e seguiram pela Linha Amarela até o Méier. Interfonaram para o irmão de Ronnie, Denis Lessa, entregaram-lhe a bolsa contendo os equipamentos utilizados no crime e pediram que Denis chamasse um táxi para ambos até a Barra da Tijuca. Na Barra, eles embarcam no carro de Ronnie, religaram seus celulares e seguiram para um bar.
“A rota de fuga ele [Élcio] detalha com minúcias. Ambos seguiram o trecho da [Avenida] Leopoldina, pegaram o acesso da Avenida Brasil, dali foram para a Linha Amarela, desceram na última saída da Linha Amarela em direção ao Méier. De lá, pararam o veículo na casa de Ronnie Lessa, interfonaram para o irmão Denis Lessa, entregaram-lhe a bolsa contendo os apetrechos usados no crime”, descreveu o delegado Catramby.
“A partir disso, Ronnie solicita que seu irmão chame um táxi. E aí [temos] nosso elemento de corroboração mais preciso e mais contundente. Conseguimos junto à corporação de táxi o rastreamento dessa corrida de ambos, do Méier até a Barra da Tijuca, local no qual eles embarcam novamente no carro de Ronnie Lessa, ativam seus celulares e seguem então para o [restaurante] Resenha”, completou.
O promotor Eduardo Morais ainda acrescentou que o assassinato de Marielle foi motivado pelas “causas defendidas” pela vereadora, às quais Ronnie Lessa tinha “ojeriza”. Ele não exclui outras motivações.
“O crime foi praticado por conta, também, das causas defendidas por Marielle. Isso não exclui outras motivações. Não exclui o fato de que Ronnie tinha ojeriza às causas defendidas por ela, isso está na primeira denúncia e permanece”, disse.
*Publicado por Douglas Porto, com informações de Gustavo Uribe
FONTE: CNN BRASIL
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