A Associação Nacional de Árbitros de Futebol (ANAF) prestou queixa-crime nesta quinta-feira contra a CBF e Wilson Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem. A entidade foi ao STJD e também fez denúncia ao Ministério Público do Trabalho pelo que considera ser uma “punição silenciosa” aos árbitros de Goiás.
De acordo com Salmo Valentim, presidente da ANAF, está em curso um processo de retaliação à arbitragem goiana após críticas feitas pelo Goiás, e endossadas em nota pela Federação Goiana de Futebol (FGF) no fim do mês de julho, a Seneme e à Comissão de Arbitragem.
Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem, e Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF — Foto: Divulgação/CBF
Desde então, ele alega que, como forma de represália, nenhum árbitro goiano foi escalado para jogos do Campeonato Brasileiro, entre Séries A, B, C e D, ou demais competições organizadas pela CBF.
– A “punição silenciosa” que ele (Seneme) impetrou contra os árbitros de Goiás que estão há três rodadas fora de todas as competições da CBF, em razão de a FGF ter concordado com a crítica que o Goiás Esporte Clube fez em relação a arbitragem, comprova não só o seu desserviço, como atesta que enquanto os árbitros forem reféns da CBF, essa prática continuará acontecendo – afirma Simas Valentim.
– A arbitragem goiana está sendo desrespeitada nacionalmente e nós não iremos permitir que isso ocorra e nada seja feito. Buscaremos também todos os meios para que os árbitros não sejam mais tratados como lixo, porque é exatamente isso o que Wilson Seneme está fazendo neste e em diversos outros episódios.
A CBF questionou a legitimidade e representatividade da ANAF, mas optou por não comentar o assunto.
A FGF e o Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de Goiás (SAFEFO) ainda não se posicionaram.
No último fim de semana, o Goiás voltou a fazer duas críticas ao comando da CBF e da arbitragem brasileira. Paulo Rogério Pinheiro, presidente do clube, disse que a arbitragem nacional é “chacota no mundo” e cobrou mais ação de Ednaldo Rodrigues: “Saia do ostracismo”
Entenda
Após a vitória de 1 a 0 sobre o Cruzeiro, no dia 23 de julho, pela 16ª rodada da Série A, o Goiás disparou contra Seneme e a Comissão de Arbitragem. O clube, que já vinha na bronca por conta de um pênalti marcado para o Santos na rodada anteior, questionou a não marcação de penalidade após toque de mão do zagueiro Oliveira.
Em nota no dia 24, a FGF endossou a crítica feita pelo Goiás em relação ao lance da partida contra o Cruzeiro, o que teria desagradado a CBF e gerado a “punição silenciosa”, segundo Simas Valentim.
Segundo o presidente da ANAF, mais de 100 jogos já foram realizados desde então sem que nenhum membro do quadro da FGF tenha sido escalado, seja como árbitro, assistente ou Árbitro de Vídeo (VAR).
Até então, por exemplo, Wilton Pereira Sampaio, árbito Fifa por Goiás e presente na Copa do Mundo do Catar, tinha presença constante nas escalas e havia apitado em 11 das 16 rodadas do Brasileirão.
Árbitro da Copa do Catar, Wilton Pereira Sampaio “sumiu” das escalas no Brasileirão — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
FONTE: GE ESPORTES