As declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a entrega de Título de Cidadão Goiano na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) lançaram um alerta nas autoridades governamentais e na Justiça, levando a um monitoramento sobre um eventual risco de fuga. Em meio ao escândalo envolvendo a venda de joias adquiridas como presentes e denúncias relacionadas ao suposto envolvimento em manobras para prejudicar as eleições de 2022, o ex-presidente está no centro das atenções.
Fontes da alta cúpula do Executivo informaram que a recente fala de Bolsonaro, na qual mencionou que “correria risco” no Brasil, acendeu um sinal de alerta. No Supremo Tribunal Federal (STF), a percepção é similar. A Corte recebeu um requerimento solicitando uma medida cautelar para reter o passaporte do ex-presidente, movimento liderado pela deputada Erika Hilton e pelo deputado Pastor Henrique Vieira, membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI).
O requerimento propõe a proibição de saída do país para Jair Bolsonaro, assim como a intimação para que entregue seus passaportes em um prazo de 24 horas. Caso essas medidas não sejam atendidas, a busca e apreensão de passaportes, armas, dispositivos eletrônicos e outros materiais relacionados aos fatos mencionados também são solicitadas.
Na declaração feita por Bolsonaro e que gerou suspeitas, ele mencionou: “Estive três meses nos Estados Unidos, no estado da Flórida, realmente um estado fantástico. Mas, apesar de ter sido acolhido muito bem, não existe terra igual a nossa. Sei dos riscos que corro em solo brasileiro, mas não podemos ceder”, disse.
Embora o ex-presidente não esteja formalmente indiciado ou convocado para depor, a possibilidade de uma saída iminente do país levantou preocupações. A situação é acompanhada de perto, especialmente no Itamaraty, onde o receio é de que uma fuga obrigasse o Brasil a solicitar sua extradição em caso de acusação formal. Isso poderia desencadear uma crise diplomática, dependendo do destino de Bolsonaro e das relações com partidos de extrema direita.
Diplomatas do Itamaraty ressaltam que a prisão de grupos que promoveram a queda de Evo Morales pode ter servido de exemplo para Bolsonaro. Há também especulações sobre uma possível rota de fuga por países do Golfo Pérsico, onde Bolsonaro manteve relações próximas durante seu mandato.