Por: Sidney Araujo
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Cerca de 47 milhões crianças e adolescentes deixaram os bancos escolares do ensino básico para aproveitarem as férias de final de ano no Brasil, quase uma população inteira da Argentina ou da Espanha. A grande maioria dessas crianças com idade de 0 a 12 anos, 79%, terá um smartphone à sua disposição e vai passar, em média, três horas e 53 minutos por dia utilizando o aparelho, segundo o Panorama Mobile Time/Opinion Box – Crianças e smartphones no Brasil. Conciliar crianças em casa e uso excessivo de telas é o grande desafio das famílias.
De acordo o Panorama, 12% das crianças de 0 a 3 anos têm seu próprio smartphone e 40% usam o dos pais. A proporção muda nas faixas etárias seguintes. De 4 a 6 anos, 32% possuem o telefone com internet e 53% usam o dos pais. De 7 a 9 anos, 46% têm o seu aparelho e 43% usam o dos pais. Dos 10 aos 12 anos, 77% possuem smartphone e 17% usam o dos pais.
O tempo médio de uso diário começa em duas horas e 56 minutos por crianças de 0 a 3 anos de idade, conforme o estudo. Passa para três horas e 17 minutos na faixa etária entre 4 a 6 anos e para três horas e 29 minutos pelos que têm de 7 a 9 anos, até chegar a quatro horas e 46 minutos de uso pelas crianças de 10 a 12 anos. No levantamento, os pais explicam que a principal razão para dar ou emprestar um smartphone ao filho é entretê-lo. A questão é que o entretenimento pode trazer prejuízos ao desenvolvimento infantil.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças menores de 2 anos não tenham nenhum contato com telas, nem mesmo televisores. A partir de 2 anos a TV pode fazer parte da rotina dos pequenos, por no máximo uma hora por dia. Ainda segundo a OMS, o celular só deve entrar na vida das crianças a partir dos 8 anos, com muita precaução. Os próprios pais reconhecem que o smartphone está ocupando tempo demais na infância dos filhos, 55% deles acreditam que as crianças passam mais tempo do que deveriam usando o aparelho, conforme o Panorama Mobile Time.
Para evitar que as férias se tornem um problema de saúde física e mental, a educadora parental e jornalista Stella Azulay, diretora da JUNTOS Educação Parental, orienta os pais a buscarem alternativas de diversão com as crianças, que podem envolver qualquer membro da família. “Conectar-se com o filho é a única forma de os pais realmente estabelecerem bom diálogo e influência positiva. Essa conexão transforma a relação da família numa relação saudável, baseada em comunicação efetiva”, diz.
Segundo Stella, as férias são um excelente período para os pais conhecerem melhor seus filhos, criarem espaços de diálogo, de compartilhamento de emoções e experiências. “É preciso aproveitar as férias para aprimorar a comunicação e fortalecer o vínculo, abrir o caminho para que os filhos se sintam à vontade para relacionar-se com os pais e, amanhã, quando se tornarem adolescentes, não se fecharem no quarto, distanciando-se da família”, comenta.