Por: Sidney Araujo
Foto Destaque: Fernando Frazão/Agência Brasil
A maior festa popular do mundo se aproxima. Oficialmente, o Carnaval começa dia 9 de fevereiro, uma sexta-feira. “O período que antecede a festa é o momento exato para lembrar as pessoas de alguns cuidados que certamente farão muita diferença na proteção à saúde”, alerta o cirurgião oncológico Reitan Ribeiro, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e titular do Departamento de Ginecologia Oncológica do Hospital Erasto Gaertner.
De acordo com o médico, para que haja um comportamento saudável por parte da população, é muito importante garantir que as principais informações para prevenção estejam acessíveis e sejam veiculadas constantemente para promover a conscientização. Com essa finalidade, a SBCO sugere algumas medidas para quem deseja se preparar para um Carnaval mais seguro.
Deve-se tomar as vacinas disponíveis de acordo com a idade
Covid-19 – É fundamentar estar em dia com a vacinação contra a Covid-19. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o intervalo de tempo necessário para que o organismo responda à imunização, reforçando a proteção contra a doença com anticorpos, fica em torno de 10 a 20 dias. “Portanto, ainda dá tempo de tomar o reforço, seja qual for a sua idade, antes da folia”. Até o dia 12 de janeiro de 2024, apenas 16,26% dos brasileiros haviam tomado a vacina bivalente, que protege contra as subvariantes da cepa Ômicron.
HPV – O acesso a informações precisas tem papel fundamental na proteção contra os riscos relacionados à infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Trata-se de um grupo de vírus transmitidos principalmente por contato sexual. Existem tipos de HPV de baixo e alto risco, sendo alguns associados ao desenvolvimento de verrugas genitais e ao câncer. Cerca de 97% dos casos de câncer de colo do útero têm relação direta com infecção pelo HPV. Além disso, o HPV é uma das principais causas de tumores de pênis (mais de 60% dos casos), ânus (90%), boca e garganta (orofaringe: cerca de 70%), vagina (75%) e vulva (70).
A vacinação é uma medida crucial para prevenir infecções por certos tipos de HPV e reduzir o risco de complicações relacionadas. No entanto, ainda que a vacinação A vacina contra o HPV, com eficácia superior a 90%, está disponível no SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, para homens e mulheres transplantados, pacientes oncológicos em uso de quimioterapia, pessoas vivendo com HIV/Aids e vítimas de violência sexual. Na rede privada, a vacina é oferecida para mulheres com idades entre 9 e 45 anos e para homens com idades entre 9 e 26 anos.
Porém, ainda que a vacinação esteja disponível de forma gratuita, informações do Ministério da Saúde indicam que mais da metade da população jovem no Brasil está atualmente infectada pelo HPV. “O principal fator que contribuiu para a queda na vacinação foi a transferência da vacinação das escolas para os postos de saúde, fazendo com que muitos pais esquecessem de levar os filhos para vacinar”, diz Reitan Ribeiro. Ele lembra que as práticas sexuais seguras, como o uso de preservativos, ajudam a reduzir o risco de infecção pelo HPV e outras infecções sexualmente transmissíveis.
Hepatite B – A infecção crônica por hepatite B ou C é um fator que aumenta bastante o risco de desenvolvimento de câncer no fígado. A vacina contra a hepatite B está disponível no SUS para todas as idades.
HIV – Um perigo que não desapareceu. O HIV é o vírus causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida Humana, a Aids. “De certo modo, com os tratamentos e terapias disponíveis, as novas gerações que não viram a gravidade da Aids nas décadas anteriores e acabam se expondo mais. Esses jovens precisam ser mais bem informados e alertados”, explica Reitan Ribeiro.
A Aids é transmitida principalmente por meio de fluidos corporais contaminados. As principais vias de transmissão são as relações sexuais sem proteção e o compartilhamento de agulhas e seringas. Não há contaminação pelo HIV por abraço, aperto de mão ou picada de mosquito (mas se for o Aedes Aegypti, que se dissemina nas grandes cidades, a pessoa pode contrair dengue, zika ou chikungunya ou febre amarela).
“A prevenção e o tratamento precoce são as melhores atitudes para controlar a disseminação da doença”, afirma o médico, que faz um resumo das principais estratégias para se prevenir. “Acho fundamental que os jovens tenham acesso a informações sobre a gravidade e a prevenção do HIV/Aids, porque a doença existe. Precisam conhecer as práticas sexuais seguras, os riscos associados ao compartilhamento de agulhas e como a doenças foi estigmatizante no início”, orienta.
O médico lembra que o termo “sexo seguro” costuma ser associado ao uso de preservativos. “Mas existem mais medidas importantes e complementares para a prática sexual segura de modo geral, antes, durante e depois do Carnaval”, diz o médico. Ele cita, abaixo, um conjunto de medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde para ter uma prática sexual segura:
– Imunizar-se para hepatite A (HAV), hepatite B (HBV) e HPV;
– Discutir com a parceria sobre a testagem para HIV e outras ISTs;
– Testar-se regularmente para HIV e outras ISTs;
– Tratar todas as pessoas vivendo com HIV;
– Realizar exame preventivo de câncer de colo do útero (colpocitologia oncótica);
– Realizar Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), quando indicado;
– Realizar Profilaxia Pós-Exposição (PEP), quando indicado;
– Conhecer e ter acesso à anticoncepção e concepção.