Por: Sidney Araujo
Foto Destaque: Six_Characters
Ao abrir um site de notícias ou um jornal e ver a publicação sobre a morte de um jovem, instantaneamente vem à cabeça que a causa pode estar relacionada a fatores externos, como acidentes, assassinato ou outro ocorrência “não natural”. Contudo, ultimamente vem sendo notado um aumento na incidência de casos de óbitos de pessoas jovens relacionados a problemas cardíacos.
E diferente do que dizem em boatos ou fake news que tentam jogar a responsabilidade nas vacinas para a Covid-19, o que vem sendo percebido é que esses casos de infartos na juventude vêm aumentando nas últimas décadas.
De acordo com levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia, a média mensal de internações subiu 160% nos últimos 15 anos, sendo que o houve uma elevação de 10% acima da média em jovens de até 30 anos. Além disso, o Brasil teve um aumento de mais de 60% de mulheres de 15 a 49 anos que tiveram infarto entre 1990 e 2019 – dados da sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Outra possibilidade, além da questão da alimentação e prática de atividades físicas, é justamente o clima. O ano passado, por exemplo, foi considerado como um dos mais quentes da história. Porém, segundo o Dr. Remo Furtado, esse é um fator que ainda está sendo estudado. DE tudo, o que se sabe é os dois extremos de temperatura, tanto frio quanto quente, podem se associar aos riscos de ataques cardíacos.
“Sendo que o frio é um fator mais importante. Se você for analisar países de clima temperado, como os EUA, é nítida a relação da queda de temperatura com o aumento de ocorrências de problemas cardíacos. E isso tem a ver com a poluição, infecções virais, espasmos das artérias e outras questões. Já a temperatura quente precisamos ter mais informações, pois é algo novo. Mas é possível sim que extremos de temperaturas altas, como no calor, possam influenciar”, conta.
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Sintomas de infartos não são percebidos por jovens
No ano passado, o jovem Bronny James, filho de 18 anos do astro da NBA Lebron James, sofreu uma parada cardíaca enquanto treinava com o time de basquete. No Brasil, tivemos o caso do cantor gospel Pedro Henrique, de 30 anos, que morreu em cima de um palco enquanto se apresentava.
Nesse último caso, a família chegou a dizer que a vítima nunca demonstrou nenhum sintoma que remetesse a um problema cardíaco. Contudo, segundo o Dr. Remo Furtado, o que acontece é justamente é uma falta de percepção dos sintomas dos infartos por parte das vítimas. De acordo com ele, não é comum que jovens tenham infarto sem ter dor.
“Existem pessoas que sofrem infarto sem ter dor? Existem, mas isso é comum com idosos. O que pode estar acontecendo? A pessoa é jovem, tem um sintoma suspeito como dor no peito ou na boca do estômago, mas ela acaba não valorizando. Ela acha que é apenas um problema estomacal e não busca atendimento médico. A questão não é a pessoa ter sintomas, mas ela não valorizar e entender quando ocorre um”, disse.
Além disso, o especialista explica que hoje existem exames que conseguem detectar com mais precisão a existência de problemas cardíacos. De acordo com ele, o eletrocardiograma, que era o único meio de detecção, hoje ganhou o auxílio de outras ferramentas. Um deles é o exame de sangue com a troponina, que é dosado rapidamente no sangue e consegue detectar antes do eletro.
“É possível que muitas pessoas jovens tivessem algum sintoma e não tivessem feito esse exame no passado. A segunda explicação envolve outros fatores, como alimentação, estresse e outras características, como a poluição, que podem estar favorecendo este aumento de casos de infartos em pessoas jovens”, reforça.
O mais importante para tentar reverter o aumento desses casos é conseguir conciliar uma gama de ações, como dieta e atividades físicas. Além disso, receber o acompanhamento adequado de profissionais de saúde que podem ajudar na manutenção desses hábitos saudáveis.