Viradouro é consagrada campeã no Rio de Janeiro com homenagem à religião de matriz africana

Por: Redação/Portal Fala Canedo

Foto: Ana Rosa Alves/Agência O Globo

Unidos da Viradouro conquista o título de campeã do Carnaval do Rio de Janeiro de 2024, em uma competição acirrada entre as 12 escolas de samba do Grupo Especial. Com um desempenho impecável, a Viradouro obteve 270 pontos, garantindo assim o seu terceiro título na história, sendo o último em 2020.

Antes mesmo da divulgação das notas, a tensão pairava no ar devido a um recurso apresentado por Grande Rio, Imperatriz, Mocidade e Beija-Flor contra a Viradouro. Alegava-se uma irregularidade na comissão de frente, ultrapassando o limite de integrantes visíveis durante a apresentação. No entanto, mesmo diante desse impasse, a Viradouro ficou 0,7 ponto à frente da segunda colocada, tornando improvável que o recurso, caso aprovado, pudesse tirar o título da escola.

Com um enredo que homenageia o culto ao vodum serpente, originário da Costa Ocidental da África, a Viradouro encantou o público ao desfilar na segunda-feira (12), sendo a última escola a se apresentar na Marquês de Sapucaí. As outras cinco melhores colocadas foram, respectivamente: Imperatriz Leopoldinense, Grande Rio, Salgueiro, Portela e Vila Isabel. Todas elas se juntarão à Viradouro para o Desfile das Campeãs, que ocorrerá no próximo sábado (17) no Sambódromo.

Destacando-se em quesitos como harmonia e samba-enredo, a Viradouro liderada pelo carnavalesco Tarcísio Zanon apresentou um enredo intitulado “Arroboboi, Dangbé”, que celebra a força da mulher negra por meio do culto africano à cobra sagrada vodum. O samba-enredo, escolhido em setembro do ano anterior, foi uma composição de Claudio Mattos, Claudio Russo, Julio Alves, Thiago Meiners, Manolo, Anderson Lemos, Vinícius Xavier, Celino Dias, Bertolo e Marco Moreno.

A história narrada remonta ao século XVIII, em Benin, na Costa Ocidental da África, onde o culto nasceu durante uma batalha protagonizada pelas guerreiras Mino do reino Daomé. Essas guerreiras foram espiritualmente iniciadas pelas sacerdotisas voduns, uma dinastia de mulheres escolhidas por Dangbé. O enredo também aborda a chegada do culto ao Brasil, especialmente na Bahia, sob a liderança da sacerdotisa daomeana Ludovina Pessoa, que difundiu a fé nos voduns por todo o território brasileiro.

Viradouro exalta mulheres negras em ala ‘Todas as rosas’ — Foto: Ana Rosa Alves/Agência O Globo

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