Por: Redação
Foto: Destaque/ Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Brasil alcançou um novo patamar na taxa de alfabetização entre pessoas de 15 anos ou mais, atingindo 93% em 2022, segundo dados do Censo Demográfico divulgados nesta sexta-feira (17) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Este é o maior índice registrado desde 1940, quando o órgão realizou seu primeiro recenseamento e constatou que apenas 44% da população sabia ler e escrever.
Embora a taxa de analfabetismo tenha caído para 7% em 2022, a menor da série histórica, ainda há 11,4 milhões de brasileiros de 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever um bilhete simples. Esse contingente é comparável à população da cidade de São Paulo. Em números absolutos, 151,5 milhões de pessoas nessa faixa etária são alfabetizadas.
A analista do IBGE, Betina Fresneda, explicou que a “taxa de analfabetismo não muda rapidamente. Ela é um estoque do que foi feito no passado”. A dívida educacional histórica do Brasil, marcada por atrasos nos investimentos em educação, tem impacto significativo sobre os idosos de hoje, que enfrentaram grandes obstáculos para acessar a educação na juventude. Em 2022, 4,5 milhões de analfabetos tinham 65 anos ou mais, representando 39,4% do total de analfabetos no país.
Os dados mostram que as mulheres têm uma taxa de alfabetização ligeiramente superior à dos homens, com 93,5% contra 92,5%, respectivamente. Essa vantagem é observada em quase todos os grupos etários, exceto entre os idosos de 65 anos ou mais, onde os homens têm uma leve vantagem, com uma taxa de alfabetização de 79,9% contra 79,6% das mulheres.
Apesar dos avanços, persistem profundas desigualdades raciais e regionais. A taxa de analfabetismo entre a população preta caiu de 14,4% em 2010 para 10,1% em 2022, enquanto entre os brancos a taxa recuou de 5,9% para 4,3%. Embora a diferença tenha diminuído, o índice de analfabetismo entre os pretos ainda é mais que o dobro do registrado entre os brancos. Para os pardos, a taxa caiu de 13% para 8,8%, e para os indígenas, de 23,3% para 16,1%. Já entre os amarelos, o analfabetismo recuou de 8,7% para 2,5%.
Regionalmente, o Nordeste apresenta a menor taxa de alfabetização (85,8%) e a maior de analfabetismo (14,2%), enquanto o Sul (96,6%) e o Sudeste (96,1%) lideram com as maiores taxas de alfabetização do país. No Centro-Oeste, a taxa é de 94,9%, e no Norte, de 91,8%. Santa Catarina destaca-se como o estado com maior taxa de alfabetização (97,3%), seguido pelo Distrito Federal (97,2%) e São Paulo (96,9%). Por outro lado, Alagoas (82,3%), Piauí (82,8%) e Paraíba (84%) apresentam as menores taxas.
Entre os municípios, São João do Oeste, em Santa Catarina, possui a menor taxa de analfabetismo do Brasil, com apenas 0,9%, enquanto Alto Alegre, em Roraima, registra a maior taxa, com 36,8%.
Fresneda destacou que, apesar dos progressos, a tentativa de minimizar as disparidades regionais é recente e ainda há muito a ser feito para garantir acesso igualitário à educação básica. “Ainda temos muito a avançar na redução das desigualdades para o acesso ao que seria o primeiro passo da educação, a alfabetização, o pressuposto básico de todos os outros direitos”, concluiu.