Produto à base de babosa facilita identificação de corpos no IML

Por: Redação/FC

Foto: Reprodução/Michel Gomes


A Universidade Federal de Goiás (UFG), em colaboração com a Polícia Civil de Goiás (PC-GO), desenvolveu um produto inovador à base de aloe vera, popularmente conhecida como babosa, que está transformando a identificação de impressões digitais em corpos difíceis de reconhecer, como os carbonizados ou mumificados. Esta solução torna as impressões mais visíveis, facilitando o trabalho forense.

“A babosa é uma planta que produz um gel hidratante com substâncias que combinam muito bem com a pele. Para a identificação papiloscópica, usamos o extrato de babosa em contato com a papila [pequeno relevo na superfície dos dedos]”, explicou Edemilson Cardoso, professor coordenador do projeto.

Desenvolvido na Faculdade de Farmácia (FF) da UFG, este produto é empregado pela Superintendência de Identificação Humana (SIH) nas Unidades de Necropapiloscopia da PC-GO, localizadas nos Institutos Médicos Legais (IMLs). Segundo Lais Nogueira Magno, coordenadora da Divisão de Tecnologia, Pesquisa e Desenvolvimento da SIH, o extrato de babosa permite que as impressões digitais sejam lidas de maneira mais clara e rápida.

O método tradicional, utilizando glicerina, pode levar até uma semana para revelar as cristas de fricção necessárias para a coleta das impressões digitais. Com o novo produto de babosa, resultados positivos são obtidos em apenas 24 horas. Além disso, o custo de produção é significativamente reduzido: cerca de R$ 100 são suficientes para produzir 10 litros do produto, suficiente para meses de uso.

“Esta parceria com a UFG nos permite produzir uma quantidade significativa de material a um custo acessível, utilizando produtos naturais”, afirmou Lais. Um litro de glicerina custa entre R$ 70 e R$ 90, enquanto a quantidade de glicerina necessária por dedo tratado varia de 5 a 10 ml.

A colaboração entre a UFG e o SIH teve início em 2019, a partir de um estudo empírico conduzido por um papiloscopista policial em Jataí, no sudoeste goiano. Os estudos foram formalizados e o produto foi desenvolvido no Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) de Bioprodutos da UFG, sob a orientação do professor Edemilson Cardoso, com a participação de estudantes de iniciação científica.

Em maio de 2023, a UFG e a PC-GO oficializaram um termo de cooperação para a utilização de bioprodutos, como o de babosa, na identificação necropapiloscópica.

As babosas utilizadas são cultivadas no horto de plantas medicinais da Faculdade de Farmácia da UFG. Após a colheita, as plantas são descascadas e o líquido tóxico removido. O extrato é então combinado com água e álcool, seguindo um processo padronizado para assegurar a qualidade e durabilidade do produto.

A utilização do produto à base de babosa acelera o processo de identificação de cadáveres, proporcionando respostas rápidas à sociedade, especialmente em casos de cadáveres especiais. A rápida identificação beneficia as famílias, permitindo um sepultamento digno e garantindo os direitos civis dos falecidos.

A identificação também é crucial para investigações criminais, busca de pessoas desaparecidas e liberação de cadáveres para sepultamento. “Se conseguimos identificar um cadáver rapidamente, uma família pode ter um sepultamento adequado e a investigação policial pode prosseguir com informações precisas”, destacou Lais.

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