Por: Redação
Foto: Reprodução/Sergio Lima/AFP
A Polícia Federal (PF) está preparando uma lista de foragidos do 8 de janeiro que escaparam para a Argentina. A corporação, através de sua Adidância em Buenos Aires, está identificando os suspeitos que entraram no país vizinho pelas fronteiras terrestres e aquáticas nos últimos meses.
Investigações indicam que alguns desses suspeitos solicitaram asilo ao governo de Javier Milei, na expectativa de serem atendidos devido à proximidade do atual presidente argentino com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os pedidos de extradição serão encaminhados por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
“A Polícia Federal irá listar todos os condenados que, possivelmente, estejam na Argentina e encaminhar, via Ministério da Justiça e Segurança Pública, os pedidos de extradição. Tudo será feito em articulação com o Ministério das Relações Exteriores e o Supremo Tribunal Federal”, informou a PF em nota. Além disso, a Adidância da PF em Buenos Aires está realizando articulações no âmbito policial, e os nomes dos foragidos serão incluídos na Rede Anfast de capturas da Ameripol, uma organização internacional de polícia com a participação de países das Américas. Pelo menos 65 pessoas suspeitas de envolvimento nos atentados de 8 de janeiro estariam na Argentina.
Na quinta-feira, a PF prendeu 50 foragidos, mas mais de 100 ainda estão sendo procurados. O pedido de extradição é visto pelo governo brasileiro como um termômetro das relações diplomáticas entre Brasil e Argentina. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu à posse de Milei no início do ano, e o líder argentino fez diversas críticas ao petista e ao governo brasileiro, alinhando-se com outros nomes da extrema direita global, como o bilionário Elon Musk.
De acordo com as diligências, a maioria dos foragidos entrou na Argentina sem passar pelo controle migratório, muitos atravessando a pé pelo Paraná ou pelo rio que divide os dois países. A PF conseguiu impedir a passagem de dezenas de pessoas neste ano, mas acredita que alguns foragidos conseguiram acessar o país dentro do porta-malas de veículos. A corporação está trabalhando com a inteligência argentina para monitorar os passos dos suspeitos.
Na operação desta semana, a PF deflagrou uma ação para cumprir 169 mandados de prisão contra os acusados. As ordens de encarceramento foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. As ações ocorreram em 18 estados e no Distrito Federal, e além das detenções, as equipes policiais cumpriram mandados que determinaram a recolocação de tornozeleiras eletrônicas para acusados que desobedeceram medidas cautelares.
Entre as medidas cautelares descumpridas estão o não comparecimento à Justiça, para aqueles que tinham ordem de fazê-lo periodicamente, e a mudança de endereço sem notificação ao Poder Judiciário. “Ao longo de 27 fases, a Operação Lesa-Pátria realizou centenas de prisões em face de vândalos, financiadores, autoridades omissas e incitadores dos crimes realizados no início do ano passado”, informaram os investigadores em nota. “Mais de duas centenas de réus, deliberadamente, descumpriram medidas cautelares judiciais ou ainda fugiram para outros países, com o objetivo de se furtarem da aplicação da lei penal”, destacou o comunicado da PF.
A Operação Lesa-Pátria foi deflagrada no ano passado, logo após extremistas invadirem as sedes dos Três Poderes em Brasília. A operação se tornou permanente e as diligências são realizadas de acordo com as demandas e determinações da Justiça. Os presos na operação terão seus casos analisados pelo Supremo Tribunal Federal, que desde o ano passado realiza julgamentos no plenário virtual contra pessoas acusadas de depredação dos prédios públicos, com penas variando conforme os delitos cometidos. O descumprimento de medida cautelar pode levar o investigado à prisão durante o curso do processo.