Por: Redação
Foto: Reprodução/AFP
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a autonomia do Banco Central (BC) e a manutenção de taxas de juros elevadas, enfatizando a necessidade de uma agenda econômica mais expansionista. Em entrevista à rádio de Feira de Santana (BA) nesta segunda-feira (01), Lula argumentou que o presidente do BC deveria ser indicado pelo presidente da República, citando como exemplo os governos anteriores à aprovação da autonomia institucional em 2021.
Argumentos de Lula sobre a Gestão do BC
“Como pode o presidente da República ganhar as eleições e, depois, ele não poder indicar o presidente do Banco Central? Estou há dois anos com o presidente do BC do Bolsonaro. Não é correto isso. O correto é que entre o presidente da República e indique o presidente do BC. Se não der certo, ele tira, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tirou três”, criticou Lula.
Apesar do tom crítico, Lula indicou que não pressionará por uma saída antecipada de Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, e que aguardará o fim do mandato. “Foi aprovada a independência do BC pelo Congresso e eu tenho, com muita paciência, que esperar chegar a hora de indicar um outro candidato”, afirmou.
Impactos no Mercado
As declarações de Lula repercutiram no mercado financeiro, contribuindo para um desempenho fraco da moeda brasileira, além da valorização dos títulos americanos. Na última segunda-feira, o dólar registrou um aumento de 1,15%, sendo cotado a R$ 5,65. Na semana anterior, a moeda norte-americana já havia atingido o maior patamar desde o início de 2022.
Entretanto, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) não sofreu impacto negativo, registrando crescimento impulsionado pelos bons resultados da Vale (VALE3), cujas ações subiram 1,48%, e da Petrobras (PETR4), com papéis preferenciais subindo 1,52%. No entanto, a incerteza fiscal fez os bancos oscilarem, com Itaú (-0,57%), Bradesco (-0,96%) e Banco do Brasil (-1,31%) registrando quedas.
Haddad e Padilha Reagem às Declarações
Após o fechamento do mercado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu a valorização do dólar a “ruídos internos” e destacou a necessidade de melhorar a comunicação dos resultados econômicos ao mercado financeiro. “Apesar da desvalorização ter acontecido no mundo todo de uma maneira geral, aqui ela foi maior do que nos nossos pares. Colômbia, Chile e México também tiveram. Atribuo isso a muitos ruídos. Já falei isso no Conselhão. É preciso comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo”, completou.
Haddad mencionou o resultado positivo da arrecadação de junho, que somou R$ 174,9 bilhões, acima do previsto pela Receita Federal, como prova da eficácia da estratégia adotada pelo governo.
Por sua vez, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, reforçou o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal, classificando as críticas sobre a política fiscal como “especulação”. “O governo tem responsabilidade fiscal e social. Aprovamos o arcabouço fiscal e o governo vai cumprir. O resto é especulação. Mais uma vez vai errar quem ficar especulando sobre irresponsabilidade desse governo”, declarou.
Compromisso com a Responsabilidade Fiscal
Padilha afirmou que o governo Lula continuará a surpreender os pessimistas, defendendo que a administração atual tem um forte compromisso com a responsabilidade fiscal. “Neste terceiro governo, o presidente acabou com a gastança irresponsável do governo anterior. O governo restabeleceu o compromisso com a responsabilidade fiscal, e posso reafirmar o compromisso com o arcabouço fiscal vigente”, afirmou.
O ministro também destacou que a expectativa do governo é que o relatório sobre a proposta de desoneração da folha de pagamento seja finalizado e apresentado ainda nesta semana.
As críticas de Lula à autonomia do Banco Central e suas implicações para a política econômica do país continuam a gerar debate. Com a promessa de manter a paciência e aguardar a oportunidade para fazer mudanças, o governo também enfatiza a necessidade de melhorar a comunicação dos seus resultados econômicos e reafirma seu compromisso com a responsabilidade fiscal.