Talco e Câncer: Entenda a classificação da OMS e os riscos associados

Descubra por que a Organização Mundial da Saúde classificou o talco como “provavelmente cancerígeno” e o que isso significa para consumidores e indústria

Por: Redação

Foto: Divulgação

A relação entre o uso de talco e o câncer tem sido objeto de estudo e controvérsia há décadas. Em 2020, a Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC), parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou o talco como “possivelmente cancerígeno para humanos” (Grupo 2B). Mas o que exatamente isso significa e quais são as implicações dessa classificação?

O Que é o Talco?

O talco é um mineral composto principalmente por silicato de magnésio hidratado. Em sua forma natural, pode conter pequenas quantidades de asbesto (amianto), uma substância conhecida por causar câncer. No entanto, o talco usado em produtos cosméticos e de higiene pessoal é geralmente processado para remover quaisquer vestígios de asbesto, tornando-o seguro para uso na pele.

Estudos Epidemiológicos e Evidências Científicas

A classificação da IARC se baseia em uma revisão de estudos epidemiológicos que investigam a possível ligação entre o uso de talco, especialmente na região genital, e o câncer de ovário. Esses estudos têm produzido resultados mistos. Alguns encontraram uma pequena, mas significativa, associação entre o uso de talco e o aumento do risco de câncer de ovário, enquanto outros não encontraram nenhuma relação significativa.

Uma das teorias é que o talco aplicado na região genital pode viajar pelo trato reprodutivo até os ovários, causando inflamação e, eventualmente, contribuindo para o desenvolvimento de câncer. No entanto, essa teoria ainda não foi comprovada de forma conclusiva.

Classificação da IARC

A IARC classifica agentes cancerígenos em cinco grupos, com base na força das evidências científicas disponíveis:

– Grupo 1: Cancerígeno para humanos
– Grupo 2A: Provavelmente cancerígeno para humanos
– Grupo 2B: Possivelmente cancerígeno para humanos
– Grupo 3: Não classificável quanto à carcinogenicidade para humanos
– Grupo 4: Provavelmente não cancerígeno para humanos

O talco sem asbesto usado na região genital foi colocado no Grupo 2B, “possivelmente cancerígeno para humanos”. Isso significa que há evidências limitadas de sua carcinogenicidade em humanos e evidências insuficientes em animais de laboratório.

Impactos na Indústria e no Consumo

A classificação do talco como “possivelmente cancerígeno” tem levado a uma série de ações judiciais contra fabricantes de produtos que contêm talco, particularmente nos Estados Unidos. Consumidores que desenvolveram câncer de ovário após anos de uso de produtos à base de talco alegam que as empresas não os advertiram adequadamente sobre os riscos potenciais.

Em resposta, algumas empresas começaram a reformular seus produtos, substituindo o talco por alternativas como o amido de milho. Além disso, há uma crescente demanda por produtos de higiene e cosméticos que sejam livres de talco, à medida que os consumidores se tornam mais conscientes dos possíveis riscos à saúde.

Precauções e Alternativas

Enquanto a evidência sobre a ligação entre talco e câncer de ovário permanece inconclusiva, muitas pessoas optam por evitar o uso de talco na região genital como medida de precaução. Alternativas como o amido de milho são amplamente disponíveis e consideradas seguras para uso cosmético.

A classificação do talco pela OMS como “possivelmente cancerígeno” reflete uma abordagem cautelosa baseada em evidências científicas limitadas. Embora o risco associado ao uso de talco em produtos cosméticos não seja completamente claro, é importante que os consumidores estejam informados sobre os possíveis perigos e façam escolhas informadas sobre os produtos que usam. A indústria também deve continuar a monitorar e divulgar informações sobre a segurança de seus produtos para garantir a proteção da saúde pública.

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