Por: Redação
Foto: Destaque/Poder360
No centro de uma investigação sobre o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem, Alexandre Ramagem, deputado federal (PL-RJ) e ex-diretor da Abin, prestou depoimento à Polícia Federal (PF) na sede da Zona Portuária do Rio de Janeiro. Ramagem é acusado de ser um dos principais agentes de Jair Bolsonaro em um esquema de vigilância clandestina.
Em meio às investigações, Bolsonaro e Ramagem postaram um vídeo nas redes sociais convocando apoiadores para eventos públicos nos próximos dias. A mobilização da militância bolsonarista ocorre em um momento crítico para ambos, que estão no foco de investigações que podem complicar ainda mais suas situações políticas e jurídicas. No dia 4 de julho, Bolsonaro foi indiciado pela PF no caso das joias sauditas e está envolvido na gravação de uma reunião sobre as “rachadinhas” que envolvem seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Ramagem, que disputa a prefeitura do Rio de Janeiro, correu o risco de ser retirado da corrida pelo clã Bolsonaro devido à gravação da reunião das “rachadinhas” sem o consentimento do ex-presidente. Rumores indicavam que ele poderia ser substituído por Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde. No entanto, Bolsonaro reafirmou seu apoio à candidatura de Ramagem, vista como uma vitória de Flávio Bolsonaro, principal articulador da campanha. A convenção do Partido Liberal (PL) para oficializar a candidatura de Ramagem está marcada para a próxima segunda-feira.
Durante seu depoimento, Ramagem negou todas as acusações de uso indevido da Abin para perseguir e espionar desafetos da família Bolsonaro e do governo. Uma das questões levantadas foi um encontro com o atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e sobre a reunião que discutiu a investigação das “rachadinhas” pela Receita Federal.
A PF descobriu que a “Abin paralela” espionou autoridades dos Três Poderes, advogados e jornalistas por vários meses, utilizando o sistema First Mile, de origem israelense, adquirido pelo governo brasileiro para supostas investigações. Integrantes da PF, cedidos à Abin, teriam municiado o “gabinete do ódio”, um esquema de disseminação de desinformação operado pelo vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente.
Os investigadores esperam concluir a apuração das atividades da “Abin paralela” em até 60 dias. A manutenção do apoio de Bolsonaro a Ramagem e a mobilização de sua base aliada são esforços para minimizar os impactos políticos das investigações em curso.