Bolsonaro apoia candidatura de Ramagem em meio a investigações de espionagem

Ex-presidente e aliados se reúnem para apoiar candidatura de Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro, enquanto investigações de espionagem trazem à tona antigas controvérsias do governo Bolsonaro

Por: Redação
Foto: MAURO PIMENTEL/AFP

O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado Alexandre Ramagem se reuniram em um comício nesta quinta-feira para apoiar a candidatura de Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro nas próximas eleições municipais. O evento ocorre um dia após Ramagem, que liderou os serviços de inteligência do Brasil durante a presidência de Bolsonaro, prestar depoimento à polícia sobre uma investigação de espionagem ilegal de figuras políticas de alto escalão.

A desconfiança interna e gravações secretas são práticas comuns entre os aliados de Bolsonaro. Um episódio emblemático ocorreu em 2020, quando Ramagem gravou uma reunião onde se discutiam estratégias para encerrar a investigação da Receita Federal sobre as “rachadinhas” do senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente. Essa gravação colocou Bolsonaro novamente no centro de uma situação constrangedora.

Desde a ascensão de Bolsonaro ao poder em 2019, o PSL, partido que o elegeu, foi marcado por divisões internas e trocas de acusações. Em 2019, o deputado Daniel Silveira gravou o então líder do PSL, Delegado Waldir, fazendo duras críticas a Bolsonaro. Waldir chegou a dizer que queria “implodir” Bolsonaro, chamando-o de “vagabundo”. Silveira foi suspenso por dois meses pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por ter tornado a gravação pública.

Outro episódio notório envolveu o deputado Heitor Freire, acusado de gravar e divulgar uma conversa com Bolsonaro sobre as divisões internas do PSL. Freire negou as acusações, mas o caso reforçou a atmosfera de desconfiança entre os aliados do ex-presidente.

No início de seu governo, uma crise no Palácio do Planalto resultou na demissão de Gustavo Bebianno, então ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Bebianno, que presidiu o PSL durante as eleições, foi envolvido em acusações de candidaturas laranjas e entrou em conflito com Carlos Bolsonaro, filho do presidente. Antes de sua morte em 2020, Bebianno afirmou ter material comprometedor contra Bolsonaro, o qual nunca foi revelado.

Até mesmo reuniões no Palácio do Planalto foram gravadas secretamente. Em julho de 2022, uma reunião onde Bolsonaro e seus ministros discutiram um possível golpe de Estado caso sua reeleição estivesse em risco foi descoberta pela Polícia Federal. O vídeo foi encontrado no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da presidência. No encontro, Bolsonaro e seus aliados debateram um “plano B” para assegurar o poder, com o general Augusto Heleno falando sobre infiltração de agentes em partidos aliados.

Em meio a esses escândalos, a campanha de Alexandre Ramagem para a prefeitura do Rio de Janeiro avança, enquanto as sombras das ações passadas do governo Bolsonaro continuam a emergir e a influenciar o cenário político atual.

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