Por: Redação
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Walter Delgatti Neto, o hacker célebre pela divulgação de mensagens da operação Lava Jato, foi condenado pela 3ª Vara Criminal de Brasília do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) a 10 meses e 20 dias de detenção por injúria contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão ocorreu após Delgatti afirmar, sem apresentar provas, que Bolsonaro ordenou um grampo ilegal contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A condenação teve como base um depoimento de Delgatti à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, onde o hacker declarou que Bolsonaro teria solicitado o grampo. Os advogados do ex-presidente acionaram a Justiça, alegando que as afirmações eram infundadas e visavam difamar Bolsonaro.
Na sentença, o juiz Omar Dantas Lima destacou a ausência de provas apresentadas por Delgatti. “O fato atribuído ao querelante teria ocorrido antes das eleições de 2022, quando este ainda exercia o cargo de Presidente da República, o que afasta a aplicação do instituto”, escreveu Lima. O juiz apontou que a conduta de Delgatti caracterizou-se como calúnia, pois ele imputou falsamente um crime a Bolsonaro, sabendo da inveracidade de suas alegações.
Durante seu interrogatório, Delgatti reafirmou sua versão, alegando não ter mentido em nenhum momento. Ele argumentou que não teve a intenção de caluniar Bolsonaro, mas mencionou que, em uma conversa telefônica, o ex-presidente teria perguntado se ele “havia conseguido uma conversa comprometedora com o ministro”.
Bolsonaro, por sua vez, negou a versão de Delgatti. Em sua defesa, afirmou ter conversado com o hacker apenas uma vez, no Palácio da Alvorada, e que raramente mantinha contato com a deputada Carla Zambelli (PL-SP). Negou também qualquer ligação telefônica com Delgatti.
A Justiça determinou que Delgatti cumpra a pena em regime semiaberto e pague 17 dias-multa. Atualmente, Delgatti está preso em um presídio de Araraquara, no interior de São Paulo, cumprindo outra condenação definitiva. A decisão reafirma a importância de provas concretas ao se fazer acusações graves e destaca a responsabilidade de declarações públicas, especialmente em contextos de grande repercussão.