Inflação anual atinge 4,5% e se aproxima do teto da meta estabelecida para 2024

A inflação oficial no Brasil subiu 0,38% em julho, pressionada principalmente pelos combustíveis e passagens aéreas, alcançando o teto da meta de 4,5% no acumulado de 12 meses

Por: Alex Alves
Foto: Reprodução/Sérgio Lima/Poder 360

A inflação no Brasil, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou uma alta de 0,38% em julho, uma aceleração em relação ao aumento de 0,21% verificado em junho. Com esse resultado, o IPCA alcançou 4,5% no acumulado dos últimos 12 meses, atingindo o teto da meta estipulada para 2024 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento foi fortemente influenciado pelo grupo de “transportes”, que registrou alta de 1,82% em julho, refletindo os reajustes nos preços dos combustíveis e das passagens aéreas. Esses itens contribuíram com 0,37 ponto percentual no resultado do IPCA.

Entre os nove grupos de produtos pesquisados pelo IBGE, sete apresentaram elevação nos preços, enquanto “alimentos e bebidas” e “vestuário” registraram deflação, com quedas de 1% e 0,02%, respectivamente.

O resultado de julho superou a mediana das expectativas do mercado, que era de 0,33%, conforme coletado no boletim Focus do Banco Central. Economistas alertam que, com a inflação se aproximando do teto da meta, aumenta a possibilidade de que o Banco Central precise reconsiderar a atual política monetária.

Fábio Romão, economista sênior da LCA Consultores, destacou a preocupação com o impacto dessa inflação elevada sobre a taxa básica de juros (Selic). Segundo Romão, ainda que a expectativa atual seja de manutenção da Selic em 10,5%, a aceleração do IPCA em julho aumenta o viés de alta para a inflação ao longo do ano. A LCA já revisou sua projeção para o IPCA de 2024, elevando-a de 4,2% para 4,4%.

Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos, revisou sua previsão para o IPCA deste ano de 4,47% para 4,74%, ultrapassando o teto da meta. Velho acredita, no entanto, que o Banco Central pode evitar um aumento da Selic devido à recente desvalorização do dólar, que caiu para R$ 5,60, aliviando algumas pressões inflacionárias.

José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, destacou que o IPCA de julho só não foi mais alto graças à deflação no grupo de alimentos, que reduziu em 0,22 ponto percentual a alta geral do índice. Ele também ressaltou a leve piora nos preços de serviços subjacentes e intensivos em trabalho, o que reforça a cautela do Comitê de Política Monetária (Copom).

Em meio a esse cenário, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou o impacto imediato dos dados de inflação, afirmando que o governo já previa essa aceleração. Haddad enfatizou a necessidade de “analisar com calma” os próximos números antes de adotar medidas mais rigorosas e reforçou a importância de manter o crescimento econômico e a elevação da renda dos trabalhadores.

O ministro também destacou que, embora o Banco Central esteja monitorando a inflação de 2026, as ações de curto prazo devem ser pensadas com cautela para evitar efeitos adversos sobre a economia.

À medida que o cenário inflacionário se desenrola, tanto o governo quanto o mercado financeiro permanecem atentos aos próximos passos do Banco Central, que terá um papel crucial em determinar se a política monetária atual será suficiente para conter a inflação dentro dos limites desejados.

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