Por: Tatiane Braz
Foto: Mídia NINJA/Mobilização Nacional Indígena
Tuíre Kayapó, uma das mais importantes vozes da resistência indígena no Brasil, faleceu neste sábado, 10 de agosto de 2024, aos 54 anos, em Redenção, no Pará. Ela estava em tratamento contra um câncer no útero, doença que enfrentava desde 2023. Sua morte marca o fim de uma trajetória de coragem e dedicação à defesa dos direitos dos povos originários e do meio ambiente.
Tuíre se tornou um símbolo internacional de resistência em 1989, durante uma audiência em Altamira, Pará, que discutia a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Na ocasião, Tuíre, então com 19 anos, pressionou um facão contra o rosto de José Antônio Muniz, presidente da Eletronorte, em um ato que representou a força e a determinação dos povos indígenas na luta contra a destruição da Amazônia. O projeto da usina foi interrompido por uma década após o protesto.
Além de sua oposição a Belo Monte, Tuíre esteve envolvida em diversas outras lutas, incluindo a recente mobilização contra o Marco Temporal, uma proposta que limita a demarcação de terras indígenas. Ela argumentava que a floresta era essencial para a vida e o bem-estar das populações indígenas, ressaltando que os políticos que promovem tais projetos não vivem na floresta e, portanto, não compreendem a realidade dessas comunidades.
Sua morte foi amplamente lamentada por líderes indígenas, autoridades governamentais e ambientalistas. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, destacou em suas redes sociais que Tuíre “representou a luta de todos os povos indígenas do Brasil”, e o presidente Lula expressou suas condolências, reconhecendo o papel importante que Tuíre desempenhou na defesa dos direitos indígenas.