Brasil registra número alarmante de 14 assassinatos de crianças e adolescentes por dia

Por: Redação

Foto Destaque: Reprodução

Um levantamento inédito divulgado nesta terça (13) mostrou uma média de 14 mortes de crianças e adolescentes por dia em todo o Brasil. Os números, que revelaram mais de 15 mil assassinatos entre 2021 e 2023, aconteceram entre crianças e adolescentes de 0 a 19 ano.

Os Dados da segunda edição do relatório Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Segundo o órgão, a faixa etária entre 15 e 19 anos é aquela que concentra a grande maioria das mortes entre crianças e adolescentes – 13.829, ou 91,6% do total. Outro ponto que vale destacar é a predominância de pessoas negras entre as vítimas, sendo quase 83% dos mortos. Os meninos representam 90%.

Durante esses três anos, 9.328 crianças e adolescentes negros foram assassinados no Brasil. O que chama a atenção é a taxa de mortalidade entre negros de 0 a 19 anos do sexo masculino, que é 4,4 vezes superior à de brancos: 18,2 contra 4,1 por 100 mil pessoas.

Em outro momento do levantamento também revela que um menino negro tem mais de 20 vezes mais chance de ser vítima de homicídio do que uma menina branca. De uma forma geral, o percentual de m0rtos por armas de fogo cresce conforme aumenta a idade, atingindo 86,3% dos casos na faixa etária dos 15 aos 19 anos.

Mortes de crianças cada vez mais novas

O que vem deixando os pesquisadores bem preocupados é com o aumento expressivo de mortes violentas envolvendo crianças de até 4 anos de idade. De acordo com o levantamento, 124 crianças dessa faixa foram assassinadas no Brasil em 2023. Ao todo, esse número representa uma alta de mais de 19% em comparação a 2022, que teve 104 bebês mortos.

Conforme destaque do relatório, a maioria das mortes desta faixa acontecem devido aos maus-tratos às crianças, que vivem normalmente no ambiente familiar e que podem envolver uma série de fatores, como atos de negligência, abuso físico, psicológico e sexual.
Já em relação aos adolescentes entre 15 e 19 anos, o estudo mostra que os assassinatos acontecem por conta da violência armada das cidades. Na maioria dos casos, mais de 62% das vítimas morrem em via pública e 81% são atingidas por pessoas desconhecidas. O estudo também aponta que, de maneira geral, jovens pretos ou pardos representam as maiores vítimas, com 82,9%.
Segundo Youssouf Abdel-Jelil, que é representante do Unicef no Brasil, as políticas de prevenção devem ser priorizadas pelos governantes.
“Meninos negros continuam a ser as maiores vítimas de mortes violentas. Já meninas seguem sendo as mais vulneráveis à violência sexual”, diz. “E essas dinâmicas são ainda mais preocupantes com o aumento de casos dessas violências contra crianças mais novas”.

Estados mais perigosos para as crianças e adolescentes

Ao todo, quase 5 mil jovens foram assassinados só em 2023, o que representa uma taxa de 9,1 ocorrência por 100 mil habitantes. Em proporção, os estados do Amapá, Bahia, Espírito Santo, Pernambuco e Ceará acabam aparecendo com os piores cenários.

O resultado do ano passado, no entanto, ainda é 7,7% melhor em relação a 2022, quando 5.354 crianças e adolescentes haviam sido vítimas de violência letal no Brasil. Já em 2021, foram 4.803 mortes violentas – índice que não inclui as estatísticas da Bahia, já que o estado deixou de informar os dados daquele ano aos pesquisadores.

 

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