Por: Redação
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O Brasil caminha para um cenário alarmante no setor de tecnologia da informação (TI). Segundo um relatório de 2023 da Google for Startups, o país enfrentará um déficit de 530 mil profissionais de TI até 2025. Esse descompasso entre a demanda crescente e a oferta de talentos qualificados reflete o desafio de sustentar o crescimento tecnológico necessário para manter a competitividade do Brasil no mercado global.
A transformação digital, acelerada pela pandemia, tem pressionado as empresas a adotar novas tecnologias em ritmo acelerado. Setores como desenvolvimento de software, segurança da informação, análise de dados e infraestrutura de redes estão especialmente sobrecarregados pela escassez de mão de obra especializada. Com a digitalização de processos e a necessidade de proteção contra ciberataques, a demanda por profissionais nessas áreas cresce exponencialmente, enquanto a formação de novos talentos não acompanha esse ritmo.
Um fator que agrava a situação é a “juniorização” do mercado de TI. Segundo Ciro Jacob, CEO do Meu RH 360, a alta demanda faz com que muitos profissionais, apesar de possuírem habilidades básicas, se autodenominem seniores sem a devida experiência. “Se não houver uma intervenção, veremos cada vez mais profissionais inexperientes ocupando cargos para os quais não estão preparados, enquanto nossos talentos mais qualificados migram para o exterior em busca de melhores oportunidades”, alerta Jacob. Ele destaca que o mercado internacional, atraído pela desvalorização do real, oferece remunerações competitivas que o Brasil não consegue igualar, resultando na perda de profissionais experientes.
Além disso, o sistema educacional brasileiro tem dificuldades em suprir essa demanda. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o país forma anualmente cerca de 53 mil profissionais de TI, um número insuficiente para cobrir o déficit previsto. No Distrito Federal, onde a necessidade de proteção de dados governamentais críticos é maior, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que serão necessários mais de 100 mil novos profissionais até 2025.
O professor Washington Fábio de Souza Ribeiro, coordenador dos cursos de Tecnologia da Informação do Centro Universitário Uniceplac, reforça que áreas como segurança da informação e inteligência artificial são as mais vulneráveis. “A falta de profissionais capacitados em inteligência artificial pode limitar significativamente a capacidade de inovar e melhorar a eficiência dos serviços públicos, especialmente em Brasília, onde a proteção de dados sensíveis é vital”, afirma Ribeiro.
Para enfrentar esses desafios, especialistas sugerem uma reestruturação do mercado de trabalho em TI no Brasil. A adoção de contratos de trabalho mais estáveis, como o regime CLT, juntamente com planos de carreira claros e benefícios atraentes, são vistos como passos fundamentais para reter talentos. Jacob também destaca a importância de combater a prática de múltiplos empregos informais, que desestimula a profissionalização do setor.
Por fim, a qualificação contínua é essencial para que os profissionais de TI se mantenham competitivos. Participação em cursos, certificações e eventos do setor, bem como a construção de redes de contatos, são ferramentas importantes para que esses profissionais acompanhem as tendências e inovações mais recentes, mantendo assim sua relevância no mercado.
À medida que 2025 se aproxima, o Brasil deve enfrentar de forma urgente esses desafios, para evitar que a escassez de talentos em TI comprometa a capacidade do país de inovar e competir em um mundo cada vez mais digitalizado.