Por: Redação
Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado
O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, respondeu às críticas do presidente Lula sobre a demora na liberação de medicamentos, classificando as declarações como “entristecedoras, agressivas e aviltantes”. Em uma carta aberta, Barra Torres alertou que as falas do presidente enfraquecem a agência e destacou a crônica falta de servidores como um dos principais motivos para o atraso nos processos.
No documento, divulgado no mesmo dia em que Lula fez suas cobranças, Barra Torres afirmou que o governo foi informado repetidamente sobre o déficit de pessoal na Anvisa. Desde o início do atual governo, segundo o diretor, 26 ofícios foram enviados alertando sobre os riscos decorrentes da falta de servidores. A resposta foi a autorização para um concurso que preencherá apenas 50 das 120 vagas necessárias em 2023, menos da metade do número considerado ideal.
Barra Torres também destacou que, durante o governo Lula, 35 servidores da Anvisa foram cedidos a outros órgãos, mais que o dobro em comparação ao governo anterior. Ele ressaltou que o problema é agravado pelas perdas naturais, como falecimentos, aposentadorias e licenças médicas, que reduzem ainda mais o quadro de funcionários. “Com um número insuficiente de servidores, o tempo para realizar as tarefas inevitavelmente se alonga”, afirmou o presidente da agência.
A reação de Barra Torres foi uma resposta direta à fala de Lula, que, na sexta-feira (23), sugeriu que a liberação de medicamentos seria mais rápida se um parente de algum diretor da Anvisa morresse. Em sua carta, Barra Torres defendeu que, em vez de desejar tragédias, os gestores públicos devem cumprir com seus deveres e “honrar seus mandatos”, assumindo a responsabilidade por suas ações e não terceirizando culpas.
Christian Saboia, diretor da Sinagências, também se pronunciou sobre a situação, revelando que mais de 700 medicamentos aguardam aprovação devido à falta de servidores na Anvisa. Barra Torres finalizou sua carta alertando que, sem um quadro adequado de funcionários, a agência pode enfrentar dificuldades para responder a ameaças futuras, como no caso do surto de Monkeypox, colocando em risco a saúde pública.