Por: Redação
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Servidores do Tesouro Nacional e da Controladoria-Geral da União (CGU) iniciaram uma greve nesta terça-feira, intensificando a pressão sobre o governo federal em plena fase final de elaboração do Orçamento de 2025. A paralisação, convocada em resposta à proposta de reajuste salarial apresentada pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) na última sexta-feira, gera incertezas sobre a capacidade do Executivo de cumprir o prazo para envio do Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) ao Congresso Nacional, que deve ser entregue até o dia 31 de agosto.
A mobilização dos servidores começou a ganhar força ontem, com a intensificação da operação padrão, uma forma de protesto que desacelera o ritmo de trabalho. Este cenário preocupa o governo, pois os relatórios do Tesouro Nacional, essenciais para a transparência fiscal, já começaram a sofrer atrasos. Entre os documentos afetados estão os dados da dívida pública e do resultado fiscal do governo central, que estavam previstos para serem divulgados ainda nesta semana.
Apesar da incerteza, fontes internas do Tesouro ainda não confirmaram se a greve resultará em atrasos no envio do Ploa. A expectativa é que o cronograma original, que prevê a entrega do documento até a próxima sexta-feira, seja mantido. No entanto, o presidente da Unacon Sindical, Rudinei Marques, foi enfático ao afirmar que o movimento sindical buscará postergar o máximo possível a finalização do projeto orçamentário.
“A deliberação é pela operação padrão máxima e greve intermitente. O Tesouro Nacional vai atrasar o máximo possível o Ploa, mas o governo vai pressionar. Vamos ver no que dá”, declarou Marques, ressaltando que a mobilização se intensificará ao longo da semana.
A greve é parte de uma estratégia mais ampla da Unacon Sindical, entidade que representa os servidores das carreiras de Finanças e Controle da Administração Federal. Em assembleia realizada na última sexta-feira, que contou com a participação de 2.776 servidores, 1.462 votaram pela rejeição da proposta de reajuste salarial oferecida pelo MGI, enquanto 1.303 foram favoráveis ao acordo. A entidade também encaminhou uma carta ao secretário de Relações de Trabalho do MGI, José Lopez Feijóo, na qual expressou insatisfação com o tratamento recebido durante as negociações, classificando-o como desrespeitoso e intransigente.
Entre as reivindicações dos servidores está o reconhecimento da complexidade do trabalho desempenhado pela carreira de Finanças e Controle, que inclui a exigência de nível superior para ingresso no cargo de Técnicos Federais de Finanças e Controle (TFFC). A Unacon critica a falta de diálogo e a imposição de condições, como o alongamento das tabelas salariais de 13 para 20 níveis, sem uma discussão adequada sobre as assimetrias remuneratórias entre essa carreira e outras de igual complexidade.
Em nota, o MGI defendeu sua posição, afirmando que tem buscado chegar a acordos justos com todas as categorias e que a proposta apresentada aos servidores do Tesouro Nacional inclui um reajuste escalonado de até 23% entre 2025 e 2026. A pasta alertou que as categorias que não fecharem acordos até o envio do Ploa ao Congresso poderão ficar sem reajuste no próximo ano.
Até o momento, o MGI já assinou 40 acordos com diferentes categorias da Administração Federal, incluindo o firmado ontem com os servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A expectativa é que novos acordos sejam assinados nos próximos dias com outras categorias, como as do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Com o prazo final para a entrega do Ploa se aproximando e a greve em curso, o governo federal enfrenta um desafio significativo para garantir que o Orçamento de 2025 seja entregue dentro do prazo estabelecido. O desfecho desta disputa entre servidores e governo será importante para o andamento das contas públicas no próximo ano.