Por: Alex Alves
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Um em cada quatro brasileiros acredita que a quantidade de pessoas em situação de rua no país aumentou, enquanto metade da população observa sinais evidentes de crescimento da pobreza. Esses são os resultados de uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com o Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), antigo Ibope.
Entre os dias 4 e 8 de julho, o instituto entrevistou 2.000 pessoas em 129 municípios de todas as regiões do país. A pesquisa, que tem uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, integra a série “Desigualdades”, que visa medir a percepção da população sobre a desigualdade social, racial, de gênero e de orientação sexual, além de avaliar a mobilidade social ao longo de gerações.
A percepção da população em relação ao aumento de pessoas vivendo nas ruas tem mostrado uma tendência de queda ao longo dos últimos anos. Em 2022, 34% dos brasileiros afirmavam ter notado mais pessoas em situação de rua, um número que caiu para 29% no ano seguinte e agora atinge 24%.
No entanto, a percepção de aumento da pobreza, embora também em declínio, continua alarmante. Há dois anos, 75% dos entrevistados acreditavam que a pobreza estava em ascensão; hoje, essa percepção ainda é compartilhada por 52% da população. “Embora os números mostrem uma redução, eles ainda são elevados e indicam um passivo social que o país precisa enfrentar”, destaca Igor Pantoja, coordenador de relações institucionais do Instituto Cidades Sustentáveis.
A pesquisa revela que a percepção de fome e pobreza é significativamente maior em grandes centros urbanos, especialmente nas capitais e periferias metropolitanas. Em cidades com mais de 500 mil habitantes, 68% dos entrevistados afirmam ter notado um aumento na pobreza, enquanto no interior essa percepção cai para 43%.
Outro dado preocupante é o fato de que três em cada dez brasileiros precisaram realizar trabalhos extras para complementar a renda nos últimos meses, um índice que se manteve estável em comparação ao ano anterior. Entretanto, em 2022, esse número era ainda maior, atingindo 45% da população.
A pesquisa também evidencia a disparidade na capacidade de investimento em educação entre diferentes faixas de renda. Desde 2019, 55% dos entrevistados que ganham mais de cinco salários mínimos conseguiram investir em educação, enquanto apenas 41% daqueles que ganham entre um e dois salários mínimos dizem o mesmo. Entre os que recebem até um salário mínimo, essa proporção cai para 30%.
Esses números refletem a persistente desigualdade social no Brasil, destacando a necessidade de políticas públicas mais efetivas para combater a pobreza e promover a inclusão social. O levantamento foi divulgado como parte das atividades da Semana Nacional pelo Combate às Desigualdades, que reúne mais de 200 entidades, incluindo organizações do terceiro setor, associações municipais e de classes profissionais.