Por: Redação
Foto: GOES 16 – CIRA/RAMMB – Slider
O Brasil está passando por um dos piores momentos em termos de qualidade do ar em mais de uma década. Uma nuvem de fumaça densa cobre quase todo o território nacional, resultado direto de uma quantidade alarmante de focos de incêndio. De janeiro a setembro de 2024, mais de 156 mil focos foram registrados, o maior número desde 2010. O impacto das queimadas vai além do ambiente, gerando uma crise de saúde pública e afetando a economia de regiões que dependem do agronegócio e do turismo.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) reportou 156.023 focos de incêndio até 7 de setembro de 2024, o maior volume em 14 anos. Este aumento de queimadas é especialmente acentuado em estados como São Paulo, Mato Grosso, Pará e Amazonas. O estado de São Paulo, em particular, teve o mês de agosto mais devastador desde o início da série histórica do Inpe, com focos que destruíram vastas áreas de vegetação nativa e propriedades agrícolas.
Entre os fatores que contribuem para o agravamento dessa situação estão o desmatamento descontrolado, a prática de queimadas para limpeza de áreas agrícolas e o clima seco, que facilita a propagação do fogo. Além disso, a fiscalização ambiental vem enfrentando dificuldades para conter o avanço das queimadas.
A fumaça densa que encobre o Brasil trouxe consequências sérias para a qualidade do ar. Dados da plataforma IQAir, especializada em monitoramento ambiental, mostram que a Amazônia Ocidental — formada pelos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima — tornou-se a região mais poluída do mundo em agosto de 2024. Este fenômeno coloca em risco a saúde de milhões de brasileiros.
Os principais sintomas causados pela poluição são a irritação nos olhos, garganta e nariz, além de agravar doenças respiratórias como asma e bronquite. Em regiões mais afetadas, há registros de aumento de internações hospitalares por problemas respiratórios. A recomendação das autoridades de saúde é para que a população evite a exposição ao ar livre em dias de maior concentração de fumaça.
Uma das causas da ampla dispersão da fumaça é o fenômeno conhecido como “rios voadores”. Essas correntes de ar, que normalmente carregariam umidade da Amazônia para outras regiões do país, agora estão transportando fumaça das áreas mais afetadas para o Sudeste e outras partes do Brasil. De acordo com Giovanni Dolif, meteorologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), esses rios de fumaça estão alinhados com frentes frias, amplificando o problema.
A única solução concreta para dissipar a nuvem de fumaça é a chegada de chuvas regulares. No entanto, as previsões não são animadoras. A Climatempo indicou que, até o momento, a maior parte do país continuará enfrentando altas temperaturas e baixa umidade, o que dificulta a limpeza do ar. Algumas regiões, como o Sul do Brasil e o sul de Mato Grosso do Sul, podem receber chuvas entre 12 e 15 de setembro, mas a maior parte do país segue sem previsão de alívio imediato.