Com filha pequena, Sara Ali Melhem enfrenta a incerteza sobre a possibilidade de repatriação enquanto o governo brasileiro organiza operações para resgatar cidadãos na região
Desde o início dos intensos bombardeios no Líbano, Sara Ali Melhem, brasileira filha de libaneses, vive em constante estado de alerta. Agora abrigada nos arredores de Beirute, após sair do sul do país, ela cuida da filha de três anos enquanto o som de mísseis e drones se tornou uma rotina angustiante. “Beirute não para. É bombardeio a toda hora, em todos os lugares”, relatou.
Apesar de sua situação crítica, Sara ainda não está entre os 220 brasileiros que serão repatriados pela Operação Raízes do Cedro, organizada pelo governo federal. “Não tive nenhum contato até agora”, lamenta. O voo de resgate, com a Força Aérea Brasileira (FAB) à frente, partiu do Rio de Janeiro ontem e aguarda autorização para decolar de Lisboa rumo a Beirute. Ainda assim, a incerteza paira para aqueles que, como Sara, aguardam ansiosamente por informações.
Repatriação em fase inicial
O governo federal, por meio do Ministério da Defesa, prioriza mulheres, crianças e idosos na repatriação. Com mais de 21 mil brasileiros vivendo no Líbano, cerca de 3 mil já solicitaram o retorno ao Brasil. A FAB trabalha com a possibilidade de resgatar até 5 mil cidadãos, dependendo das condições de segurança.
Além de Sara, muitos brasileiros ainda não foram contatados para os voos de retorno. Segundo a Embaixada em Beirute, os primeiros a serem resgatados são aqueles sem condições de deixar o país por conta própria e que não têm redes de apoio no Líbano. No entanto, a operação pode sofrer atrasos devido à complexidade do cenário e à necessidade de segurança.
Enquanto aguarda, Sara tenta lidar com o medo e a incerteza de um futuro seguro para ela e sua filha. Assim como muitos brasileiros na mesma situação, a esperança está no início de mais um voo de resgate.
Apoio internacional
Diversos países estão mobilizando recursos para retirar seus cidadãos do Líbano. Colômbia, França e Canadá já iniciaram suas operações, com aviões e navios de resgate. A situação no país é volátil, com a fronteira sul fechada e os bombardeios intensificados desde o final de outubro.
Por: Redação
Foto: Reprodução/Daniel Carde/Getty Images