Empresário detalhou em delação premiada esquema de lavagem de dinheiro e ameaças do PCC, mas acabou assassinado em aeroporto de São Paulo
Executado com um tiro de fuzil no rosto na área de desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, o empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, de 38 anos, vinha colaborando com o Ministério Público de São Paulo (MPSP) em um acordo de delação premiada. Em seu depoimento, Gritzbach denunciou ameaças de morte do Primeiro Comando da Capital (PCC), detalhou operações de lavagem de dinheiro e expôs sua relação com figuras de destaque da facção.
O empresário relatou que atuava em esquemas financeiros para integrantes como Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”, e Claudio Marcos de Almeida, conhecido como “Django”. Esses nomes foram associados à empresa de ônibus UpBus, que opera na zona leste de São Paulo e está sob intervenção da prefeitura por suspeita de ligação com atividades ilícitas.
Anselmo Santa Fausta, executado em 2021, tinha posição influente no PCC e estava sob investigação por movimentações financeiras que superavam R$ 200 milhões. Segundo o Ministério Público, Gritzbach teria sido responsável por ordenar o assassinato de Cara Preta após um desentendimento que envolveu dívidas milionárias de um investimento em criptomoedas.
Antes de ser preso e firmar seu acordo de delação em 2022, Gritzbach foi convocado a um encontro no bairro do Tatuapé, em São Paulo, onde Django e outros associados ao PCC o ameaçaram de morte. Ele relatou que um dos envolvidos chegou a vestir luvas cirúrgicas, insinuando que o mataria de forma brutal. Pouco tempo depois, integrantes do grupo criminoso foram à casa de Gritzbach para exigir o pagamento de uma dívida em bitcoins que, segundo ele, pertencia a Cara Preta.
Em seu depoimento, Gritzbach contou que conseguiu recuperar R$ 27 milhões e entregou o montante aos representantes da facção. Ainda assim, teve bens pessoais como uma Ferrari confiscados como parte da cobrança. Além disso, o agente de jogadores de futebol Danilo Lima de Oliveira, conhecido como “Tripa” e próximo a Django, teria ficado com uma chave de acesso a criptomoedas avaliada em cerca de US$ 100 milhões.
O caso levanta questões sobre a influência do PCC em atividades econômicas e expõe a crescente relação entre o crime organizado e operações financeiras de grande escala.
Por: Redação
Foto: Reprodução/Câmara Record