Em discurso de abertura, presidente do Azerbaijão defende exploração de petróleo e gás, chamando-os de “presente de Deus”
No primeiro dia de discursos oficiais da COP29, realizada em Baku, líderes de várias nações voltaram a debater um tema central e controverso: o uso de combustíveis fósseis. O anfitrião da conferência, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, defendeu enfaticamente a exploração de petróleo e gás, classificando-os como um “presente de Deus” e argumentando que os países não devem ser condenados por utilizar seus recursos naturais. “O mercado mundial precisa desses recursos,” declarou Aliyev, gerando reações mistas entre representantes de outras nações.
Aliyev enfatizou que petróleo, gás, vento, sol e outros recursos naturais devem ser valorizados e explorados para atender à demanda global. A fala provocou tensões, especialmente porque o foco da COP29 está em como reduzir as emissões globais, atendendo às metas climáticas do Acordo de Paris para limitar o aquecimento global até o fim do século.
Novo Fundo para Perdas e Danos: Avanço Insuficiente, diz ONU
Um dos principais avanços discutidos até o momento foi a criação de um fundo para perdas e danos, com a promessa de auxiliar países em desenvolvimento que enfrentam desastres climáticos cada vez mais severos. A meta do fundo é ajudar essas nações a reconstruírem-se após eventos extremos, como enchentes e furacões, que vêm aumentando em frequência e intensidade.
No entanto, o valor inicial de US$ 722 milhões foi criticado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que destacou que a quantia é insuficiente para cobrir sequer uma fração dos prejuízos enfrentados pelos países vulneráveis. “É um montante irrisório comparado aos danos reais,” afirmou Guterres, mencionando que a quantia não cobre “nem um quarto dos prejuízos do furacão Yagi no Vietnã.” O chefe da ONU reforçou a necessidade de mais comprometimento financeiro das nações ricas, que, segundo ele, são historicamente responsáveis pela maior parte das emissões.
Estudos indicam que países em desenvolvimento precisam de mais de US$ 400 bilhões anuais para enfrentar as perdas associadas a desastres climáticos. Há três décadas, esses países vêm solicitando apoio para implementar o fundo, uma reivindicação que agora finalmente encontra algum respaldo, embora ainda tímido.
Recorde de Emissões Globais de CO₂ e Desafios para 2025
No mesmo dia, o Projeto Global de Carbono revelou dados alarmantes: as emissões globais de CO₂ provenientes de combustíveis fósseis atingiram um nível recorde em 2024, somando 37,4 bilhões de toneladas, um aumento de 0,8% em relação ao ano anterior. A queima de carvão, petróleo e gás continua sendo responsável pela maior parte das emissões, com altas específicas em países como China e Índia. A Índia, em particular, registrou um aumento expressivo de 4,6% no uso de combustíveis fósseis.
Por outro lado, alguns países, incluindo os Estados Unidos, conseguiram diminuir levemente suas emissões, contribuindo para uma redução global de 0,6% entre 2014 e 2023. Ainda assim, especialistas alertam que o progresso atual é insuficiente para alcançar o declínio necessário nas emissões globais, e que o mundo precisa de ações urgentes e coordenadas para impedir os piores impactos das mudanças climáticas.
Por: Redação FC
Foto: AFP