Presidente aposta em diálogo para superar entraves históricos e garantir a retificação do acordo comercial entre os blocos
Na próxima semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca para Montevidéu, no Uruguai, onde participará da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul. Com agenda prevista para os dias 5 e 6 de dezembro, o encontro será palco de uma nova tentativa de destravar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), que está em negociações há mais de duas décadas.
A reunião acontece em um momento de otimismo cauteloso. Recentemente, Lula reiterou sua determinação em finalizar o pacto ainda este ano, destacando que o acordo é prioritário para sua gestão. “Se os franceses não quiserem, eles não apitam mais nada. Quem apita é a Comissão Europeia, e vamos assinar este acordo,” afirmou o presidente, reforçando sua confiança na presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O tratado, que visa reduzir barreiras tarifárias e comerciais, tem enfrentado forte oposição, principalmente de setores agrícolas europeus, que temem prejuízos com a abertura de mercado para produtos sul-americanos. Além disso, críticas recentes da França às exportações de carne do Mercosul alimentaram as tensões. Líderes franceses, como o deputado Vincent Trébuchet, chegaram a comparar os produtos da região a “lixo”.
Apesar das resistências, o clima entre os países do Mercosul é de esperança. Yamandú Orsi, presidente eleito do Uruguai, reuniu-se com Lula em Brasília e se declarou otimista quanto ao futuro do acordo. “Há espaço para um entendimento que beneficie ambas as partes,” afirmou Orsi.
O tratado chegou a ser assinado em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), mas a falta de ratificação pelas partes envolvidas o tornou inválido. Desde o início de seu terceiro mandato, Lula tem buscado reformular os termos para torná-los mais vantajosos aos países do Mercosul, com ênfase no estímulo ao comércio e ao crescimento econômico da região.
A cúpula em Montevidéu será decisiva para medir até que ponto o bloco sul-americano está disposto a superar obstáculos históricos e avançar em um dos maiores acordos comerciais do mundo. Lula acredita que o desfecho bem-sucedido da negociação poderá consolidar o protagonismo internacional do Brasil e reforçar sua liderança regional.
Enquanto isso, os agricultores europeus e setores mais conservadores da política europeia continuam pressionando seus governos para barrar a proposta. Resta saber se a habilidade diplomática do presidente brasileiro será suficiente para mudar o curso de um impasse que já dura mais de 20 anos.
Por: Redação
Foto: Ricardo Stuckert