Operações “secretas” incluíram 109 crianças e geram críticas sobre direitos humanos. Governo brasileiro nega deportação e afirma tratar-se de retorno voluntário
Mais de 600 brasileiros, incluindo 109 crianças, foram deportados do Reino Unido entre agosto e setembro de 2024, conforme revelado pelo jornal The Guardian. A publicação acusa o governo britânico de realizar as deportações em voos “secretos”, caracterizando-as como as maiores operações de remoção da história do Ministério do Interior do país.
Os voos ocorreram em três datas: 9 de agosto (205 pessoas, 43 crianças), 23 de agosto (206 pessoas, 30 crianças) e 27 de setembro (218 pessoas, 36 crianças). Segundo o jornal, muitas das crianças deportadas estavam matriculadas em escolas britânicas e viviam no Reino Unido desde o nascimento.
O governo britânico justificou as ações como parte de um plano para aumentar a remoção de imigrantes em situação irregular, registrando 8.308 retornos “forçados e voluntários” entre julho e setembro, um aumento de 16% em relação ao ano anterior.
Críticas de organizações
Grupos de direitos humanos questionaram a operação, especialmente pela inclusão de um número recorde de crianças brasileiras. Segundo ativistas, a medida levanta dúvidas sobre a transparência e a legalidade das deportações.
Nota do Itamaraty
Em nota, o Itamaraty divulgou que o Reino Unido propôs organizar voos comerciais para brasileiros inscritos no Programa de Retorno Voluntário (VRS), administrado pelo Ministério do Interior britânico. O programa visa facilitar o retorno de migrantes aos seus países de origem, oferecendo auxílio financeiro e passagens aéreas.
“O processo de retorno voluntário proposto pelo Reino Unido coaduna-se com os princípios da assistência consular brasileira que, em casos específicos, também financia a viagem de brasileiros em situações de desvalimento no exterior, além de contar com parceira de natureza semelhante com a Organização Internacional para Migrações (OIM)”, diz o comunicado.
“O consentimento brasileiro ao programa baseia-se no requisito de que a participação dos nacionais é voluntária e poderá ser revista, a qualquer tempo, caso esses termos sejam alterados.”
Por: Redação
Foto: Reprodução/REUTERS/Hannah McKay