Declarações do presidente eleito dos EUA ampliam tensão no mercado financeiro
O dólar encerrou esta segunda-feira (2/12) em alta de 1,11%, cotado a R$ 6,06, marcando o quinto pregão consecutivo de valorização. A moeda americana acumula alta de 25,03% no ano frente ao real. O recorde reflete, entre outros fatores, as ameaças do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de 100% aos países do Brics, caso o bloco busque substituir o dólar como referência internacional.
As declarações de Trump geraram volatilidade nas moedas de países emergentes e exportadores de commodities. O fortalecimento global do dólar também foi impulsionado por fatores como o impasse no orçamento francês e movimentos políticos na Europa.
No Brasil, o real segue fragilizado pela percepção de risco fiscal. O economista Luciano Costa, da corretora Monte Bravo, apontou que o pacote de corte de gastos apresentado pelo governo brasileiro foi recebido com ceticismo pelo mercado. “A economia estimada está bem abaixo do esperado, o que mantém os prêmios de risco elevados e pressiona o câmbio”, analisou Costa.
Diante do cenário de aumento da dívida pública, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com sua equipe econômica para discutir estratégias de tramitação do pacote fiscal no Congresso. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu novas medidas de contenção de gastos, mas destacou que resultados significativos podem demorar.
Enquanto isso, líderes do Congresso Nacional, como Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, reforçaram que propostas como a isenção de Imposto de Renda só serão aprovadas se não comprometerem o equilíbrio fiscal.
O mercado espera novas sinalizações do governo para mitigar o impacto das incertezas fiscais. Apesar disso, Costa acredita que apenas um compromisso público do presidente Lula com as metas do arcabouço fiscal pode trazer alívio ao câmbio.
O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reafirmou o compromisso com o regime de câmbio flutuante e indicou que intervenções no mercado só ocorrem em casos de disfuncionalidade.
Com incertezas internas e externas, o dólar segue como um termômetro de tensão, refletindo a complexidade do cenário econômico global e doméstico.
Por: Redação
Foto: Kirill Kudryavtsev AFP/CP