Valério Stumpf Trindade revela bastidores da luta contra tentativas golpistas e detalha ameaças direcionadas a ele e sua família
O general Valério Stumpf Trindade, ex-chefe do Estado-Maior do Exército, revelou novos detalhes sobre os bastidores da resistência às tentativas de golpe de Estado que marcaram o período pós-eleitoral de 2022. Em entrevista, ele falou sobre a pressão sofrida por parte de militares radicais e civis alinhados a essas ideias, além das ameaças dirigidas contra ele e seus familiares.
“Todos os passos que tomei foram em total alinhamento com o Alto-Comando do Exército e com o [então comandante] general Freire Gomes. A lealdade e a coesão entre nós foram fundamentais naquele momento”, afirmou Stumpf, que à época era uma das figuras mais experientes da ativa no Alto-Comando.
Pressões internas e ataques externos
Durante a crise, grupos radicais dentro e fora das Forças Armadas buscaram apoio para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Generais como Stumpf desempenharam papel crucial na rejeição dessas propostas, mas enfrentaram retaliações severas. O general foi alvo de campanhas nas redes sociais, onde era chamado de “traidor da Pátria” e tinha sua imagem amplamente divulgada junto com fotos de sua família.
“Minha filha chegou a ser confrontada com mensagens ofensivas. As ameaças iam além de mim, tentando desestabilizar minha família. Isso mostra o nível de desespero e radicalismo desses grupos”, relatou.
Uma liderança sob pressão
Antes da posse, as ameaças tinham como objetivo forçar Stumpf a aderir ao plano golpista. Após a transição de poder, as mesmas vozes passaram a culpá-lo por permitir que o processo democrático seguisse seu curso. Apesar das adversidades, o general destacou a importância de sua postura para a manutenção da ordem constitucional.
“Em momentos como aquele, é preciso ter clareza sobre o compromisso com a democracia. Minha consciência está tranquila porque agi para proteger as instituições e a estabilidade do país”, declarou.
O peso do silêncio rompido
Hoje, com 64 anos, Valério Stumpf Trindade traz à tona a experiência de um dos períodos mais tensos da política brasileira recente. Sua decisão de falar abertamente é um marco para entender os desafios enfrentados por setores das Forças Armadas na defesa do Estado Democrático de Direito.
“Foi um momento decisivo para a história do Brasil. O Alto-Comando mostrou sua maturidade e resiliência ao não ceder à pressão de grupos que flertaram com a ruptura democrática”, concluiu.
Por: Redação
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