Empresa organizadora é responsabilizada por condições degradantes e jornada exaustiva
Uma força-tarefa do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) resgatou 14 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão durante a edição de 2024 do Rock in Rio.
Os trabalhadores, contratados para carregar equipamentos, montar estruturas e realizar limpeza, foram encontrados na madrugada de 22 de setembro em condições degradantes. Dormiam sobre papelões e sacos plásticos, sem acesso a acomodações dignas, e relatavam jornadas exaustivas de até 12 horas seguidas, sem pausas adequadas.
De acordo com o auditor-fiscal Raul Capparelli, que participou da operação, o cansaço extremo dos trabalhadores dificultava até mesmo a comunicação: “Encontramos os trabalhadores dormindo precariamente sobre lonas e papelões. Foi difícil acordá-los para as entrevistas.”
As promessas de pagamento variavam entre R$ 90 e R$ 150 por diária, mas os valores não foram quitados integralmente. Trabalhadoras ainda relataram situações de vulnerabilidade, como tomar banho de canequinha e retirar maçanetas de portas para evitar que homens invadissem os banheiros femininos, que estavam em péssimas condições de higiene.
A empresa contratada para o serviço, FBC Backstage Eventos Ltda, recebeu 21 autos de infração. A organizadora do evento, Rock World S.A., foi diretamente responsabilizada, com 11 autos de infração, por negligência na fiscalização das condições de trabalho.
Não é a primeira vez que casos de trabalho análogo à escravidão são registrados no Rock in Rio. Em 2013, 93 trabalhadores foram resgatados, e em 2015, outros 17. Ambos os casos envolveram empresas terceirizadas, apontando uma repetição preocupante no descumprimento de normas trabalhistas no evento.
O MPT segue monitorando as condições de trabalho no setor de eventos, especialmente em megaeventos, que frequentemente registram violações de direitos trabalhistas.
Por: Redação
Foto: Reprodução/MPT