Decisão da empresa gera preocupação sobre moderação de conteúdos no Brasil; presidente e autoridades reagem à medida e defendem soberania nacional
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião de governo para esta sexta-feira (10/01), após a Meta anunciar mudanças significativas em suas políticas de moderação de conteúdo. Entre as alterações, a empresa decidiu encerrar o serviço de checagem de fatos realizado em parceria com organizações especializadas, substituindo-o por um sistema de “notas da comunidade”. A medida foi vista como um retrocesso pelo chefe do Executivo, que classificou a decisão como “extremamente grave”.
Alterações na Meta preocupam o governo
O anúncio feito por Mark Zuckerberg também incluiu a suspensão de restrições a conteúdos sensíveis, como questões de imigração e gênero, além da remoção de termos relacionados à comunidade LGBTQIA+. Essas mudanças, alinhadas com setores conservadores, aproximam a Meta do posicionamento político de Donald Trump nos Estados Unidos.
Para o presidente Lula, essas alterações podem comprometer a soberania dos países, incluindo o Brasil. “Não podemos aceitar que uma empresa decida interferir nas regras locais e ignore as responsabilidades que têm no mundo digital. Um crime online deve ser tratado com o mesmo rigor que na vida real”, afirmou.
Mobilização do governo e reações políticas
Além de Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou a necessidade de regulamentação das big techs, afirmando que plataformas globais precisam ser responsabilizadas pelo impacto social de suas políticas. “Não podem desinformar, caluniar ou difamar sem consequências. A regulamentação sobre fake news e inteligência artificial deve ser prioridade no Congresso”, declarou Alckmin.
O Ministério Público Federal (MPF) também enviou um ofício à Meta pedindo esclarecimentos em até 30 dias. A postura da empresa gerou preocupação em autoridades brasileiras, já que, até então, a Meta era vista como uma parceira no combate à desinformação e no cumprimento de decisões judiciais no país.
Impactos das mudanças
Ainda não está claro como as alterações impactarão o Brasil, mas especialistas alertam para possíveis embates entre a Meta e as autoridades brasileiras, semelhantes aos que ocorreram com o X (antigo Twitter) no passado. Caso as medidas sejam consideradas ilegais, a empresa pode enfrentar penalidades severas, incluindo multas e até suspensões temporárias.
A questão deve ganhar destaque nas discussões legislativas de 2025, com foco em regulamentação de big techs e aprimoramento das leis para o ambiente digital.
Por:Tatiane Braz
Foto:Reuters imagens