Presidente reforça postura isolacionista e acusa a OMS de má gestão e favorecimento à China durante a pandemia
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (20) que o país deixará oficialmente a Organização Mundial da Saúde (OMS). A decisão inclui o corte imediato das contribuições financeiras dos EUA, que até então eram o maior financiador da organização, representando cerca de 18% do orçamento global da entidade, equivalente a US$ 6,8 bilhões no biênio 2024-2025.
Trump justificou a medida acusando a OMS de má gestão durante a pandemia de covid-19 e de atuar em benefício da China. “A OMS nos enganou, assim como muitos têm feito com os Estados Unidos. Isso não vai mais acontecer”, declarou o presidente ao assinar o decreto.
Impacto global nos programas de saúde
A saída dos EUA da OMS, que será concluída em 12 meses, deve gerar consequências significativas para programas de saúde em nível mundial. Iniciativas voltadas para o combate a doenças como tuberculose, HIV/AIDS e emergências sanitárias enfrentarão cortes drásticos. Especialistas alertam que a decisão pode prejudicar países mais vulneráveis e comprometer esforços globais para prevenir futuras pandemias.
Além disso, os EUA deixarão de participar das negociações de um tratado global de pandemias, enfraquecendo a coordenação internacional em crises de saúde pública. Profissionais americanos que colaboravam com a OMS serão realocados em outras funções, enquanto o governo busca implementar uma nova estratégia de segurança sanitária focada exclusivamente no território nacional.
Acusações contra a China
Trump reiterou suas críticas à OMS, acusando-a de ser conivente com a China na falta de transparência sobre a origem do coronavírus. Segundo ele, a organização falhou em pressionar Pequim sobre o surgimento do vírus, que permanece sob investigação.
A OMS nega qualquer favorecimento e afirma continuar exigindo dados adicionais da China. No entanto, a decisão de Trump reflete uma postura mais ampla de rejeição a organismos multilaterais, alinhada à sua política de priorizar interesses domésticos.
Isolamento internacional
Desde o início de seu mandato, Trump tem adotado uma abordagem isolacionista, retirando os EUA de acordos e instituições globais, como o Acordo de Paris sobre o clima e outras agências da ONU. Embora o presidente justifique essas ações como defesa dos interesses americanos, críticos apontam que essa postura pode enfraquecer a liderança global dos EUA e prejudicar iniciativas internacionais em áreas essenciais como saúde, meio ambiente e segurança.
Por: Lucas Reis
Foto: SAUL LOEB/POOL/AFP