O filme brasileiro Ainda Estou Aqui fez história ao vencer o Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme Internacional. Dirigido por Walter Salles e baseado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, a produção retrata a luta de Eunice Paiva, mãe do autor, contra a repressão da ditadura militar no Brasil (1964-1985). Além da estatueta, o longa também concorreu em outras duas categorias, incluindo Melhor Atriz para Fernanda Torres, que acabou não levando o prêmio.
A vitória foi celebrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que destacou a importância do cinema brasileiro e sua relação com a democracia. “Hoje é o dia de sentir ainda mais orgulho de ser brasileiro. Orgulho do nosso cinema, dos nossos artistas e, principalmente, orgulho da nossa democracia”, escreveu Lula em suas redes sociais.
Por outro lado, a reação na direita brasileira foi mais comedida. O senador Carlos Portinho (PL-RJ) comemorou o reconhecimento internacional, mas enfatizou que cultura e política não devem se misturar. “Cultura é de todos, sem exceção. Do Brasil, de todos os brasileiros e para todos! Vencemos o Oscar de Melhor Filme Internacional, temos muito a comemorar… Deixemos a política para os políticos e o prêmio do cinema para a nossa cultura”, publicou ele.
A declaração, no entanto, não foi bem recebida por parte de seus apoiadores, que questionaram o posicionamento do senador, dado o teor político da obra. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também se manifestou sobre o longa e rebateu críticas feitas por Fernanda Torres. Durante entrevista ao jornalista Leo Dias, Bolsonaro ironizou a fala da atriz, que afirmou que a produção não seria possível durante seu governo. “Ela falou que não seria possível fazer aquele filme. Mas eu proibi alguém de fazer alguma coisa? Eu cancelei a concessão de alguém? Nós fizemos ajustes na Lei Rouanet, mas esse filme nem teve dinheiro da Rouanet. Eu não sei por que ela fala isso, é para me atingir”, declarou.
A vitória de Ainda Estou Aqui escancarou o contraste entre as diferentes correntes ideológicas do país. Enquanto setores da esquerda enxergam a premiação como um marco da resistência e da memória histórica, figuras da direita preferiram não se aprofundar no debate sobre o conteúdo do filme, mantendo o foco na conquista cultural.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Roque de Sá/Agência Senado