Ex-presidente reafirma que é alvo de perseguição, volta a pedir apoio internacional e deposita esperança em mudança na composição do TSE até 2026
O ex-presidente Jair Bolsonaro participou neste domingo (6) de um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, onde voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que foi “empurrado para fora da política” e classificou sua inelegibilidade como resultado de um processo injusto.
“Não fui afastado por corrupção, não fui afastado por desvio de conduta. Fui empurrado para fora da política porque desagradei os poderosos”, disse Bolsonaro diante de milhares de apoiadores.
A manifestação marcou uma nova etapa na estratégia do ex-presidente: combinar pressão popular com articulação jurídica e política para tentar reverter sua inelegibilidade antes das eleições de 2026. Ele voltou a criticar o STF, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, e sugeriu que uma nova composição do TSE poderá “corrigir injustiças”.
Réu por tentativa de golpe
O discurso ocorre em meio ao agravamento de sua situação jurídica. Em 26 de março, o Supremo aceitou denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornou Bolsonaro réu por tentativa de golpe de Estado. Ele é acusado de liderar articulações contra o resultado das eleições de 2022 e de incentivar os atos de 8 de janeiro de 2023.
Segundo a PGR, o ex-presidente integrava o “núcleo duro” de um plano para reverter a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Caso condenado, pode enfrentar penas que ultrapassam 40 anos de prisão.
Aposta em 2026 e apoio de Trump
Durante o ato, Bolsonaro voltou a demonstrar confiança em uma futura mudança no comando do TSE, prevista para 2026, quando o ministro André Mendonça, indicado por ele ao STF, deve assumir a presidência do tribunal.
“Esperamos que o jogo seja limpo. O povo merece uma eleição justa”, declarou, sugerindo que pode tentar disputar novamente a Presidência, caso sua inelegibilidade seja revertida.
Além disso, reforçou seus laços com aliados internacionais, em especial o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Seu filho, Eduardo Bolsonaro, tem se reunido com congressistas republicanos para pedir sanções a autoridades brasileiras e apoio a medidas contra o STF.
Conclusão
Com o avanço dos processos no STF e os movimentos no exterior, Bolsonaro tenta manter sua base mobilizada e consolidar a narrativa de que é vítima de perseguição política. O ato deste domingo reforça essa estratégia, mas também evidencia o cerco jurídico que se fecha em torno do ex-presidente — que agora fala como réu e aposta todas as fichas no futuro do TSE.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Reprodução/Redes Sociais