Denunciado pela PGR por suspeita de desvio de emendas, ministro opta por se concentrar na própria defesa; União
Pouco antes de entregar o cargo no Ministério das Comunicações, nesta terça-feira (8/4), Juscelino Filho conversou por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e decidiu que o melhor caminho seria se afastar do governo para se dedicar à própria defesa. A informação foi confirmada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
A saída ocorre após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncia contra Juscelino por suspeita de participação em um esquema de desvio de emendas parlamentares. Com o gesto, o governo busca se proteger de novos desgastes políticos em meio ao esforço de manter a estabilidade na Esplanada.
Lula já havia sinalizado, em entrevista ao UOL em junho de 2024, que ministros formalmente denunciados deveriam deixar o governo. “Eu já fui vítima de calúnia, difamação e tive negado o direito à defesa e à presunção de inocência. O que eu disse ao Juscelino foi: ‘A verdade só você conhece. Se o procurador apresentar denúncia contra você, é preciso mudar de posição’. Enquanto não houver denúncia, você permanece no cargo”, afirmou o presidente na ocasião.
Lula embarcou nesta quarta-feira (9/4) para Tegucigalpa, capital de Honduras, onde participa da IX Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
A exoneração de Juscelino deve ser publicada em edição extra do Diário Oficial da União entre esta terça e quarta-feira. Ainda não há anúncio oficial de substituto, mas o União Brasil já se movimenta para manter o comando da pasta. Segundo o deputado Elmar Nascimento (União-BA), o nome indicado pela bancada será o do deputado federal Pedro Lucas Fernandes (MA), atual líder do partido.
O caso de Juscelino será analisado pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que deve abrir prazo para apresentação da defesa. Enquanto isso, o Palácio do Planalto tenta conter os impactos da crise e reforçar o discurso de que denúncias não comprometem, por si só, a reputação do governo.
Brasil deve indicar Pedro Lucas Fernandes como sucessor
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Ricardo Stuckert