Ator reflete sobre intolerância e defende liberdade artística: “Interpreto extremos para provocar emoções”
O ator José Loreto reagiu neste fim de semana às críticas recebidas por interpretar Jesus Cristo no tradicional espetáculo Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, apenas 45 dias após desfilar como o diabo na comissão de frente da escola de samba Vila Isabel, no Carnaval do Rio de Janeiro. Em um vídeo publicado nas redes sociais, o artista lamentou o teor agressivo de parte dos comentários que recebeu, muitos dos quais, segundo ele, usavam o discurso religioso como justificativa para ataques pessoais.
“Interpreto personagens extremos, mocinhos e vilões, justamente para emocionar e provocar reflexões”, afirmou Loreto. “O mais contraditório é que o ódio veio, em grande parte, travestido de amor. Isso não entra na minha cabeça”, completou.
No vídeo, Loreto ressaltou que não se incomoda com o debate em torno de sua escolha artística, mas com o tom das mensagens. “O problema não é discordar, é disseminar violência com palavras em nome da fé. Arte é espaço de liberdade, e Jesus representa exatamente isso: amor e compaixão”, disse.
A encenação da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém é realizada no município de Brejo da Madre de Deus, a 180 km do Recife (PE), e é considerada a maior do gênero no mundo. Em 2024, o espetáculo recebeu mais de 50 mil pessoas ao longo da temporada.
Loreto, que já interpretou diversos papéis controversos em novelas e filmes, reforçou que sua missão como ator é justamente explorar contrastes. “Fiz o diabo no Carnaval, faço Jesus no teatro. Isso é a beleza da atuação: representar o humano em todas as suas faces”, concluiu.
Por: Lucas Reis
Foto: Reprodução Redes sólida