Investigação aponta uso de R$ 3,5 bilhões em contratos fraudulentos para bancar dramatizações que visavam influenciar as eleições municipais
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (16) a segunda fase da Operação Teatro Invisível, focada em desmontar um elaborado esquema de manipulação eleitoral por meio de encenações públicas. Segundo as investigações, atores eram contratados para simular situações comprometedoras contra adversários políticos em locais de grande circulação. As cenas, gravadas e distribuídas nas redes sociais, tinham o objetivo de influenciar o voto popular.
O financiamento dessas ações, de acordo com a PF, vinha de contratos irregulares com prefeituras, totalizando um prejuízo estimado em R$ 3,5 bilhões aos cofres públicos. Dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos, atingindo nomes como o prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho (PL), além de ex-candidatos a prefeito em diferentes municípios fluminenses.
A Justiça determinou ainda o bloqueio de bens dos envolvidos, a suspensão das atividades de oito empresas investigadas, e a quebra de sigilo de contas ligadas aos suspeitos. As acusações envolvem crimes como fraude em licitações, lavagem de dinheiro, uso de caixa 2 e destruição de provas.
A PF apurou que os acusados forjavam roteiros com diálogos fictícios sobre corrupção, violência e escândalos, sempre visando manchar a reputação de determinados candidatos. As cenas, pensadas para parecer espontâneas, se espalhavam rapidamente pelas redes com o auxílio de montagem de vídeos e legendas falsas.
A primeira fase da operação, ocorrida em setembro de 2024, já havia prendido quatro pessoas ligadas ao mesmo grupo. Agora, a PF avança para identificar os responsáveis pelo financiamento e pela articulação do esquema, que atuava em pelo menos 13 cidades do estado.
Se condenados, os envolvidos podem enfrentar penas que, somadas, ultrapassam 27 anos de prisão.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Reprodução/TV Globo