Associações movimentaram mais de R$ 1 bilhão desde 2022; suspeitas envolvem propina, empresas de fachada e vínculos políticos
As investigações sobre entidades credenciadas pelo INSS revelaram um cenário alarmante: pessoas humildes aparecem no papel de dirigentes de associações que movimentaram fortunas nos últimos anos. Um exemplo é Maria das Graças Ferraz, presidente da Unaspub, que é aposentada por incapacidade e deu procuração para Antônio Lúcio Caetano Margarido, dono de diversas empresas de seguros com movimentações milionárias. A Unaspub foi credenciada pelo INSS em 2022, ano em que também passou a figurar entre as beneficiárias de pagamentos do chamado “Careca do INSS”.
Outra entidade no radar das autoridades é a Associação Universo, suspeita de ter usado uma empresa de marketing esportivo para pagar propina a André Fidelis, ex-diretor do INSS no governo Lula. Comandada formalmente por Valdira Prado, de 79 anos, a Universo faturou impressionantes R$ 255 milhões desde seu credenciamento.
O caso mais emblemático, no entanto, envolve as entidades Ambec, Cebap e Unsbras (atualmente Unabrasil), que juntas faturaram R$ 852 milhões após serem credenciadas entre 2021 e 2023, nos governos Bolsonaro e Lula. Relatórios apontam que parentes e até funcionários simples, como uma faxineira, aparecem nas diretorias dessas entidades, todas com vínculos ao empresário Maurício Camisotti, suspeito de pagar R$ 12 milhões em propinas ao “Careca do INSS”.
Essas descobertas reforçam a necessidade urgente de maior rigor na fiscalização do INSS sobre as entidades credenciadas, para evitar que pessoas humildes sejam usadas como laranjas em esquemas milionários.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Divulgação/PF