Animal da raça chow-chow apresentou comportamento violento e foi submetido à eutanásia por oferecer risco à segurança de funcionários e outros bichos
Um cachorro da raça chow-chow, chamado Jacke, foi eutanasiado após atacar a própria tutora e causar ferimentos graves em seu rosto, no município de Ji-Paraná, em Rondônia. A medida foi tomada pela Secretaria Municipal de Proteção e Bem-Estar Animal, que alegou que o animal apresentava conduta agressiva e colocava em perigo os profissionais e outros internos do local.
A tutora, Natani Santos, de 35 anos, teve parte do lábio arrancada e precisará passar por cirurgia de reconstrução facial, agendada com o projeto liderado pelo cirurgião bucomaxilofacial Raulino Brasil, que atua com pacientes vítimas de traumas desde 2021.
Segundo o esposo de Natani, Tiago, ele levou o cão ao centro de zoonoses após o episódio por temer novos ataques contra seus filhos. Ele assinou um termo autorizando a eutanásia caso fosse necessário.
“Eu levei ao centro, me pediram 10 dias para investigar se se tratava de raiva ou algum outro problema. Quando voltei lá, me informaram que ele não estava comendo havia três dias, se recusava a levantar e tentou atacar algumas pessoas”, relatou.
Durante a observação, que durou cinco dias, o chow-chow apresentou extrema dificuldade de socialização e comportamento violento, segundo o órgão municipal. A possibilidade de infecção por raiva e outras doenças foi descartada por exames, mas ainda assim a morte induzida foi executada.
Em nota, a secretaria justificou a ação afirmando que a decisão “foi pautada na necessidade de preservar a integridade física dos servidores, da população e de outros animais, em respeito à proteção da saúde pública e às normas éticas vigentes”.
Com grande repercussão nas redes, a família relatou que vem sofrendo represálias. Tiago explicou que sua esposa desconhecia que o animal havia sido sacrificado e acreditava que ele havia sido entregue a um novo lar.
“Ela está sendo massacrada na internet, recebe mensagens absurdas no privado em sua rede, quando é a maior vítima de tudo. Ela está com medo de andar na rua”, declarou.
Natani, que convivia com o animal há cinco anos, contou que no momento do ataque o cachorro demonstrou sinais estranhos:
“Ele rosnou, eu me afastei e ele mordeu e se encolheu na mesma hora. Era como se tivesse entendido que fez algo errado”, contou.
A cirurgia representa mais que uma reparação física: também é um passo emocional importante.
“Por eu ser da área da saúde, consigo lidar com o ferimento. Mas não ter mais o meu animal e não ter mais estrutura psicológica para tê-lo perto de mim está mexendo muito comigo”, desabafou Natani.
Apesar do trauma, ela deixa uma mensagem a outros donos de animais:
“Não quero que se desfaçam de seus animais por causa do que aconteceu comigo. Só digo para procurarem um adestrador”, aconselhou.
Vídeos antigos publicados por Natani nas redes sociais, nos quais relatava o comportamento do cão, estão sendo analisados por profissionais. Em alguns deles, ela comentava episódios de possessividade e até tentativas de mordida contra os filhos.
“Muita gente se afastou da minha casa. Não tenho raiva dele, não tenho ódio, não tenho rancor”, finalizou.
Por: Lucas Reis
Foto: Reprodução/Redes sociais