Bioma perdeu mais de 652 mil hectares de vegetação nativa em 2024; Matopiba concentra três quartos da devastação, com destaque para o Maranhão
Pelo segundo ano consecutivo, o Cerrado foi o bioma brasileiro mais afetado pelo desmatamento. Segundo o Relatório Anual do Desmatamento (RAD), produzido pelo MapBiomas, em 2024 foram perdidos 652.197 hectares de vegetação nativa — o equivalente a 52,5% de toda a devastação registrada no país no mesmo período.
Embora represente uma redução de 40% em relação aos números de 2023, o índice ainda é alarmante. Em média, o Cerrado perdeu 1.786 hectares de cobertura vegetal por dia ao longo do ano, confirmando a pressão crescente sobre um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade do planeta.
A maior parte da destruição se concentrou na região do Matopiba, formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, responsáveis por 75% de todo o desmatamento registrado no Cerrado e por 42% da perda nacional de vegetação nativa em 2024. O Maranhão liderou a devastação, com 218.298 hectares suprimidos, mesmo apresentando queda de 34,3% em comparação ao ano anterior.
Em contraste, a Amazônia Legal, historicamente vista como foco do desmatamento, registrou redução de 16,8% e totalizou 377.708 hectares devastados em 2024 — uma média de 1.035 hectares por dia.
O relatório ainda aponta que todos os biomas brasileiros apresentaram queda na taxa de desmatamento, com exceção da Mata Atlântica, que se manteve estável em relação a 2023. Essa é a primeira vez, desde 2019, que a maioria dos biomas mostra redução simultânea.
Apesar dos avanços gerais, o Cerrado segue como epicentro do desmatamento no país, sobretudo pela expansão agropecuária em áreas com menor fiscalização ambiental e proteção legal do que aquelas encontradas na Amazônia. O avanço sobre o bioma ameaça não apenas sua biodiversidade única, mas também os recursos hídricos e o equilíbrio climático regional.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil