Parlamentar do União Brasil chamou a colega de “pedófila” após entrevista; oposição cobra cassação por reiterados ataques e comportamento agressivo
O deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil) protagonizou mais um episódio de agressões verbais e tumulto na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), nesta quarta-feira, 21 de maio. Durante sessão plenária, o parlamentar atacou publicamente a deputada Bia de Lima (PT), chamando-a de “pedófila” após ela ter declarado, em entrevista a uma rádio, que gosta de se relacionar com homens mais jovens.
Ao criticar a fala da colega, Amauri usou expressões como “papa-anjo” e “pedófila”, alegando que o termo “novinhos” seria associado à prática criminosa. “Se referir a crianças como ‘novinhos’. Papa-anjo é o termo usado por pedófilos. A senhora citou que gosta de novinhos. Acho um desrespeito”, disse, em tom ofensivo.
Juristas, no entanto, ressaltam que imputar falsamente a alguém a prática de um crime configura calúnia. A postura do deputado foi amplamente criticada por parlamentares, que lembraram que Amauri nunca se manifestou contra colegas investigados, de fato, por crimes semelhantes. A atitude foi comparada ao comportamento descrito pela senadora Soraya Thronicke: “tchuchuca com outros homens, mas vão pra cima das mulheres como tigrões”.
Conhecido pelo comportamento truculento, Amauri Ribeiro reforçou sua persona política ao finalizar os ataques com seu bordão: “tá dado o recado”. O deputado, que é alvo da 15ª fase da Operação Lesa Pátria, chegou a admitir, em plenário, ter apoiado financeiramente bolsonaristas acampados em Brasília. “Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês”, declarou, em junho de 2023.
Após os ataques desta quarta-feira, Bia de Lima pediu que a presidência da Casa enquadrasse o parlamentar por quebra de decoro. Mesmo assim, Amauri manteve o comportamento agressivo, chegando a ofender outros deputados, o que levou o presidente da sessão, Clécio Alves (Republicanos), a encerrar os trabalhos, atrasando novamente a pauta legislativa.
Em meio ao tumulto, a deputada Bia de Lima assumiu a presidência da sessão para solicitar providências ao presidente da Alego, Bruno Peixoto (UB). No entanto, voltou a ser cercada por Amauri, que a ofendeu novamente. Diante da insistência, ela deixou o plenário. O deputado Mauro Rubem (PT) também foi alvo de insultos e ameaças de agressão física por parte de Amauri, episódio que só foi contido com a intervenção da segurança da Casa e de outros parlamentares.
Este não é um caso isolado na trajetória do deputado conhecido como “chapeludo”. Em 2021, ele fez discurso intimidatório contra a então vereadora Luciula do Recanto (PSD), afirmando que ela “merecia um tiro na cara” após a parlamentar agir em defesa de animais em Goiânia — fala que foi repudiada pela Câmara Municipal da capital.
O comportamento recorrente de Amauri Ribeiro levanta novamente o debate sobre os limites da imunidade parlamentar. O Supremo Tribunal Federal (STF) já deixou claro que ela não é absoluta, especialmente em casos que violam a dignidade das mulheres. Foi o que reforçou o procurador regional eleitoral Marcello Santiago Wolff, ao defender a aceitação de denúncia contra Amauri por violência política de gênero.
O deputado também já respondeu a processo na Justiça Federal por racismo na modalidade homofobia. Para muitos, atitudes como as de Amauri e de outros políticos, como Gustavo Gayer (PL), “apequenam a política goiana”, prejudicando a imagem do parlamento e distanciando-o da sociedade.
“Deputados criminosos, blindados pelo foro privilegiado, devem ser cassados para que enfim possam responder criminalmente por suas atitudes”, afirmam parlamentares da oposição.
O caso segue repercutindo e pressiona a Mesa Diretora da Alego a tomar medidas concretas para preservar o decoro e a integridade da Casa.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Ruber Couto/Agência Assembleia Notícias