Governo americano reforça política de restrição a músicos cujas obras fazem apologia ao crime organizado
Pelo menos cinco artistas mexicanos tiveram recentemente seus vistos de trabalho suspensos ou negados pelas autoridades dos Estados Unidos. A medida faz parte de uma ofensiva para restringir a entrada de músicos que, segundo o governo americano, promovem ou fazem alusão ao tráfico de drogas e outros crimes em suas canções.
Os principais alvos são artistas dos estilos conhecidos como “narcocorridos” e “corridos tumbados”, gêneros que frequentemente mencionam organizações criminosas e líderes do tráfico, exaltando, em alguns casos, a cultura do crime organizado.
Entre os afetados está Peso Pluma, um dos maiores representantes do “corridos tumbados”, que viu sua turnê americana ser colocada em risco após a intensificação da fiscalização migratória.
Julión Álvarez
Natural de Chiapas, estado que faz fronteira com a Guatemala, Julión Álvarez teve o visto de trabalho revogado e precisou cancelar uma apresentação que faria no AT&T Stadium, em Arlington, no Texas. O cantor já havia enfrentado problemas semelhantes em 2017, quando foi incluído na lista de sanções do Departamento do Tesouro dos EUA por supostas ligações com o tráfico. Ele foi oficialmente exonerado em 2022.
Los Alegres del Barranco
O grupo de Sinaloa também perdeu o visto americano após ter exibido imagens de “El Mencho”, apontado como líder do Cartel Jalisco Nova Geração, durante um show. As autoridades americanas consideraram a projeção como apologia a um criminoso, determinando o cancelamento do visto dos integrantes da banda.
Lorenzo de Monteclaro
Veterano da música mexicana, com 86 anos, Lorenzo de Monteclaro precisou cancelar várias apresentações nos EUA devido a entraves no processo de renovação de seu visto. Embora não tenha havido uma revogação formal, o atraso na documentação foi suficiente para impedir sua participação em eventos no Texas e em outros estados americanos.
Oscar Maydon
Expoente da nova geração do “corridos tumbados”, que mistura elementos tradicionais com trap e hip-hop, Oscar Maydon teve o pedido de visto negado pelo governo americano, obrigando-o a suspender compromissos previamente agendados nos Estados Unidos.
Eduin Caz, vocalista do Grupo Firme
Eduin Caz, líder do Grupo Firme, não conseguiu renovar seu visto de trabalho e agora integra uma lista de espera da imigração americana. Sem a liberação oficial, o cantor foi forçado a cancelar todos os shows programados nos EUA para este ano.
Outros nomes sob vigilância
Além desses casos, outros artistas mexicanos também estão na mira das autoridades de imigração dos Estados Unidos. Embora ainda não tenham tido seus vistos formalmente cancelados, alguns enfrentam processos de renovação paralisados ou atrasados, o que pode comprometer futuras turnês em solo americano.
A medida reforça a política dos EUA de restringir a entrada de artistas cujas produções artísticas sejam interpretadas como apologias ao crime organizado, intensificando a fiscalização especialmente sobre representantes de gêneros que dialogam com a cultura do narcotráfico.
Por: Lucas Reis
Foto: Reprodução/Redes Sociais