Por: Redação
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Pedir comida no fim de semana parece um hábito inofensivo, mas pesa no bolso. Segundo dados da Ticket, um pedido único de delivery custa, em média, R$ 66,21. Para quem pede uma vez por semana, o gasto mensal chega a R$ 264,84 — o que representa 17,45% do salário-mínimo atual (R$ 1.518), segundo cálculo da analista de research da Rico, Maria Giulia Figueiredo.
No caso dos chamados heavy buyers — consumidores que fazem pedidos duas ou mais vezes por semana — o gasto mensal pode chegar a R$ 529,68.
“Esses são os chamados ‘gastos invisíveis’. Sozinhos, parecem pequenos. Mas, somados ao longo do tempo, drenam o orçamento de forma silenciosa. Apesar de o serviço de delivery agregar com praticidade para o dia a dia de pessoas com rotinas intensas, pode ser um hábito bem custoso”, explica Maria Giulia.
E se esse dinheiro fosse investido?
Vamos imaginar que uma pessoa decida mudar seus hábitos e, em vez de pedir delivery quatro vezes, faça isso apenas uma vez por mês; a economia será de R$ 198,63.
A simulação abaixo considera aportes mensais dos valores economizados com a redução do delivery durante 1, 2 e 3 anos, com base na taxa Selic de 14,75% ao ano. Todos os valores são líquidos (já descontado o IR).
Investimento | Rentabilidade ao mês (bruta) | 1 ano | 2 anos | 3 anos |
Selic 2028 | 1,15% | R$ 2.531,06 | R$ 5.379,76 | R$ 8.611,00 |
CDB 110% | 1,26% | R$ 2.545,84 | R$ 5.444,31 | R$ 8.772,87 |
LCI/LCA 90% | 1,04% | R$ 2.516,41 | R$ 5.439,21 | R$ 8.709,23 |
Um consumidor “heavy buyer” hipotético decide priorizar as refeições feitas em casa e usa o delivery apenas duas vezes por mês, economizando R$ 397,26. Como renderia esse valor investido ao longo de três anos?
Investimento | Rentabilidade ao mês (bruta) | 1 ano | 2 anos | 3 anos |
Selic 2028 | 1,15% | R$ 5.062,12 | R$ 10.759,51 | R$ 17.222,00 |
CDB 110% | 1,26% | R$ 5.091,67 | R$ 10.888,61 | R$ 17.545,74 |
LCI/LCA 90% | 1,04% | R$ 5.101,99 | R$ 10.878,43 | R$ 17.418,46 |
Delivery: hábito cada vez mais comum — e invisível
De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 76% dos brasileiros usam delivery e, para quase 70% desse grupo, a frequência varia entre duas e cinco vezes por mês.
Desde 2019, o delivery tem se tornado uma opção cada vez mais presente no dia a dia das pessoas. De acordo com um estudo da consultoria Kantar divulgado em 2022, o serviço de delivery para pedir comida cresceu de 80% para 89% no Brasil em três anos; além disso, o estudo destaca que os brasileiros fazem, em média, um pedido a cada duas semanas.
Hoje, o brasileiro gasta 15% a mais por refeição via delivery do que no período pré-pandemia, buscando opções mais premium.
Como otimizar esse custo?
Substituir os pedidos via delivery por refeições caseiras pode ajudar a criar uma rotina mais equilibrada e com menos exageros. Além da possibilidade de melhorar os hábitos alimentares, essa troca também pode impactar positivamente o controle dos seus gastos e seus investimentos.
Thaisa Durso, educadora financeira da Rico, dá três dicas para ajudar quem quer economizar sem renunciar ao prazer:
- O poder do planejamento: ele faz a diferença em todos os detalhes, desde organizar seus gastos no papel ou em uma planilha até preparar marmitas em casa para o almoço. Sabe aquele lanche fora de hora? Que tal se planejar e levar de casa? Além de ser mais saudável, ainda é possível economizar bastante. Além disso, uma marmita caseira pode custar menos da metade do que você gasta em um delivery todos os dias, e essa economia, somada ao controle financeiro, faz uma enorme diferença no fim do mês.
- Anote seus gastos: muitas vezes, só percebemos a magnitude do problema quando colocamos tudo no papel. Anotar cada despesa, por menor que seja, ajuda a ter uma visão clara de para onde seu dinheiro está indo, facilitando a identificação de excessos.
- Acompanhe seu saldo bancário: um dos maiores perigos dos gastos invisíveis está nos juros do cheque especial ou nos saldos negativos. Acompanhar regularmente o saldo bancário é fundamental. Estabeleça lembretes para verificar seu extrato semanalmente e evitar surpresas desagradáveis.
“O segredo não está em cortar tudo e viver uma vida super regrada. A ideia é ganhar consciência dos pequenos gastos que, sem perceber, estão corroendo o seu salário”, afirma Thaisa. “Com pequenas mudanças, como levar o lanche de casa, você já consegue fazer uma boa diferença no final do mês”, complementa a especialista.