Justiça de São Paulo impôs pagamento de R$ 1 milhão por danos morais; ex-presidente da organizada segue preso acusado de arquitetar o ataque
A Torcida Mancha Alviverde, principal organizada do Palmeiras, foi condenada a pagar R$ 1 milhão em indenização por danos morais à família de José Victor dos Santos, jovem torcedor do Cruzeiro morto durante uma emboscada na Rodovia Fernão Dias, em outubro de 2024. O ataque ocorreu nas proximidades de Mairiporã, no interior de São Paulo, e foi promovido por integrantes da Mancha Verde.
Segundo o processo, os membros da torcida palmeirense teriam emboscado veículos que transportavam torcedores da Raposa, resultando em agressões físicas e no incêndio de um ônibus. José Victor não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Outras 17 pessoas ficaram feridas no confronto, que teria sido uma retaliação a um ataque promovido por torcedores cruzeirenses em 2022, quando quatro palmeirenses foram baleados e outros dez ficaram feridos.
O valor da indenização foi sugerido pelo pai de José Victor, que apresentou provas demonstrando o vínculo entre a ação da torcida organizada e a morte do filho. O Palmeiras foi incluído no processo, mas sua defesa alegou que o clube não tem ligação com a Mancha Verde, entidade autônoma. A Justiça aceitou a tese e isentou o clube de responsabilidade.
Justiça busca coibir violência no futebol
A decisão judicial foi fundamentada no Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/2003) e na Lei Geral do Esporte (Lei 14.597/2023), com o objetivo de responsabilizar civilmente a organizada e estabelecer um precedente contra a violência no esporte. Além da indenização, a Mancha Verde foi condenada a arcar com os custos processuais e os honorários advocatícios. A decisão é de primeira instância e ainda cabe recurso.
Ex-presidente da Mancha segue preso
O caso também levou à prisão do ex-presidente da Mancha Verde, Jorge Luis Sampaio Santos, que se entregou à Justiça em dezembro de 2024, pouco após renunciar ao cargo. Ele é apontado como o mentor intelectual do ataque que vitimou José Victor e outros torcedores do Cruzeiro.
De acordo com o processo, o atentado foi cuidadosamente planejado e contou com a participação de mais de 100 integrantes da organizada. Desde sua prisão, Jorge Luis Sampaio aguarda julgamento no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos II. Sua defesa solicitou a transferência para a penitenciária de Tremembé, conhecida por abrigar presos de notoriedade, alegando riscos à sua integridade física devido à presença de membros de torcidas rivais na atual unidade.
O caso segue em tramitação e é mais um episódio que expõe a escalada da violência envolvendo torcidas organizadas no futebol brasileiro.
Por: Bruno José
Foto: Reprodução