Sigla avalia que Congresso sabotou governo ao derrubar IOF e articula embate público para retomar protagonismo político
A cúpula do PT vê uma ação coordenada dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), como responsável pela derrubada do reajuste do IOF, prejudicando diretamente os planos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para manter programas sociais e viabilizar sua reeleição. O partido enxerga o episódio como uma ofensiva deliberada contra o governo e já discute reagir de forma incisiva.
Segundo líderes petistas, o movimento representa uma ruptura nas relações entre Executivo e Legislativo. A decisão de barrar o decreto presidencial teria sido tomada sem aviso prévio, o que surpreendeu o Planalto e expôs Lula a uma derrota inédita neste terceiro mandato. Internamente, o presidente manifestou irritação e rejeitou qualquer sinal de recuo.
Nos bastidores, aliados de Lula afirmam que não há mais clima para diálogo com Motta e Alcolumbre neste momento. Para o governo, o reajuste do IOF é prerrogativa do Executivo e sua derrubada por meio de um Projeto de Decreto Legislativo configura invasão de competências, o que pode abrir precedentes perigosos.
A reação do PT será dividida em duas frentes: mobilização nas redes sociais e atuação no Congresso. A sigla pretende resgatar temas com apelo popular que constam na MP enviada para compensar o recuo no IOF. Entre eles estão a taxação dos super-ricos, aumento da tributação sobre apostas esportivas e responsabilização do Centrão pelo aumento na conta de luz.
Lideranças do Congresso, por outro lado, reconhecem o desgaste. Para parlamentares com cargos no governo, Motta errou ao pautar a votação sem diálogo, impondo uma crise institucional. Eles avaliam que, mesmo que haja tentativa de reconciliação, o vínculo de confiança entre Legislativo e Planalto sofreu um abalo profundo.
A última vez que o Congresso derrubou por completo um decreto presidencial foi no governo Collor, há quase quatro décadas. O episódio atual, além de raro, acirra a disputa entre poderes e coloca o STF como potencial árbitro, caso o governo decida judicializar a questão, como já indicou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Agência Gov