Aedes aegypti: Adaptação surpreendente revelada por pesquisas

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Por: Tatiane Braz /portalfalacanedo.com.br

Foto: Reprodução/jornal da USP


A cada ano, o inverno traz um alívio temporário da incidência de insetos, mas para o mosquito transmissor do vírus da dengue, Aedes aegypti, essa pausa é apenas um breve respiro em sua capacidade notável de adaptação. De acordo com estudos do Instituto Butantan, localizado em São Paulo, esse pequeno inseto tem uma habilidade surpreendente de evoluir e prosperar em diferentes condições.

Durante uma pesquisa de aproximadamente 14 meses, realizada nos arredores do bairro Butantan, o Instituto acompanhou a evolução do Aedes aegypti em diversas estações climáticas. A coleta meticulosa de ovos, pupas e larvas de 150 fêmeas em seis áreas distintas foi parte essencial desse estudo. Além disso, foram considerados os espaços de dispersão e evolução desses insetos em ambientes urbanos, revelando um quadro preocupante de sua adaptabilidade.

“Sérgio Luz, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destaca que o Aedes aegypti é um mestre da adaptação. Ele pode se reproduzir em praticamente qualquer local e em qualquer época do ano, desafiando as expectativas”, informa Maria Anice Mureb Sallum, professora de epidemiologia da USP. “O mosquito evoluiu junto com o homem urbano, adaptando-se aos ambientes criados por nós de maneira incrivelmente eficaz”, acrescenta.

Os especialistas concordam em três pontos fundamentais sobre o comportamento do Aedes aegypti. Antigamente, esse mosquito costumava depositar seus ovos apenas em águas limpas, preferia circular durante o dia e tinha uma predileção por locais bem iluminados. No entanto, com o passar do tempo e as mudanças climáticas, esses padrões foram alterados.

“Com as adaptações climáticas e mudanças no ambiente urbano, os mosquitos agora podem ser encontrados em água contaminada, circulam em qualquer horário do dia e são atraídos pela iluminação artificial, que auxilia em sua circulação, principalmente durante a noite”, explica Sérgio Luz, da Fiocruz Amazônia.

Mesmo com essas transformações em seus hábitos, é importante ressaltar que a maior probabilidade de picada ainda ocorre durante o dia. Portanto, mesmo diante da notável capacidade de adaptação do Aedes aegypti, a conscientização e medidas preventivas durante o dia continuam sendo essenciais na luta contra a propagação da dengue e outras doenças transmitidas por esse mosquito implacável.

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