Por: Sidney Araujo
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A expectativa do governo era de conseguir negociar mais uma boa parte dos inadimplentes com o FIES (Fundo de Financiamento ao Estudantes do Ensino Superior). O acordo permite que os estudantes possam reaver até 99% do valor de suas dívidas, dependendo do caso.
Mesmo com grandes condições oferecidas, a adesão ao programa ainda é pequena. Segundo dados do Ministério da Educação, apenas 15% dos 1,2 milhão de endividados haviam aderido ao programa. O Ministro Camilo Santana fez um apelo em telejornais nacionais, conclamando-os a regularizar seus débitos até maio deste ano.
O ministro explicou que o Fies Social é uma mudança que vinha sendo reivindicada pelos estudantes, pois as regras passadas não permitiam financiar até 100% do curso, então o aluno já entrava endividado, pois tinha que arcar com os custos restantes utilizando recursos próprios.
Segundo estudo realizado pela Somos Young, com mais de 35 mil alunos na região Sul, Sudeste e Nordeste – 48% com idades entre 18 e 24 anos, e 35% acima dos 30 anos de idade – 67% são egressos do ensino médio em escolas públicas e 32,9%, das particulares. Com base na pesquisa, entre os que não aceitariam de forma alguma o Fies, mais os que preferem outras formas de financiamento, somam-se mais de 30% dos entrevistados. Isso reflete uma percepção cada vez mais negativa do programa governamental, bastante superior àquela percebida nos anos anteriores.
Segundo Rodrigo Bouyer, avaliador do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e sócio da Somos Young: “Após sucessivas mudanças nas regras do Fies desde o ano de 2015, a população entendeu que este programa, infelizmente, não é mais um programa de acesso, mas um programa de restrição, com regramento muito rígido, com burocracia para contratação incompatível e com a tecnologia de hoje, contrapartidas muito elevadas, e severa indisponibilidade de novas vagas. Se em 2015 praticamente todos os estudantes gostariam de contratar o Fies, hoje, o olhar é de extrema desconfiança”.
Em números, Camilo Santana explica que os 1,2 milhão de estudantes equivalem a R$ 55 bilhões.
Ainda segundo o avaliador do INEP, é de extrema importância as mudanças apresentadas pelo Ministro Camilo e também pelo GT (Grupo Técnico) responsável pelas novas métricas e composto por servidores de secretarias e órgãos do Ministério, incluindo o FNDE e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
“Resgatar os princípios sociais do FIES é devolver a esperança para milhares de brasileiros que buscam no ENEM uma oportunidade não só nas universidades, mas no conjunto de benefícios dos programas do governo. Diminuir a evasão dos cursos, fazer com que mais jovens busquem formações principalmente em cidades com mais necessidades e com isso globalizá-los na sociedade, gerando empregos, oportunidades e melhorando não só a qualidade de vida, mas a econômica e social de todos os envolvidos”.