De acordo com documento, estado registrou 51 casos de racismo em 2021 e 179 em 2022. Houve 64 registros de casos de homofobia e transfobia.
Anuário de Segurança diz que, casos de racismo em Goiás tem o maior crescimento do país
Taxa de registros de racismo no Brasil – Goiás — Foto: Anuário Brasileiro de Segurança Pública
De acordo com o documento, o estado registrou 51 casos de racismo em 2021. Em 2022 o número mais que triplicou, com 179 registros. Os casos de injúria racial também tiveram um aumento de cerca 48%, com 576 casos em 2021 e 865 em 2022.
Goiás é o estado com maior crescimento de casos de racismo no Brasil. Conforme o Anuário da Violência, divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o aumento de casos foi de mais de 246% entre 2021 e 2022.
Casos de homofobia e transfobia, também tipificados como racismo social, saltaram de 24 para 64 entre um ano e outro, com variação de mais de 163%.
O delegado Joaquim Adorno, titular do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), explicou que o crime de racismo é entendido como uma ofensa discriminatória contra um grupo ou coletividade, enquanto a injúria racial é a ofensa à dignidade ou ao decoro com utilização palavras depreciativas referentesva raça, cor e origem.
“Por causa dessa diferença saiu sepado no anuário. Mas é importante a gente entender que, desde 2020, isso (injúria racial) também é considerado racismo”, destacou o delegado.
A delegada adjunta do Geacri, Carolina Neves, complementou que o aumento nas denúncias de casos de racismo está relacionado à difusão de conhecimento sobre o assunto e empoderamento da comunidade. “Observamos que a população vem tomando consciência sobre as mazelas históricas e sociais geradas pelo racismo estrutural e, consequentemente, reivindicando direitos”, disse a delegada.
“É importante lembrar que a conscientização efetiva da sociedade depende que todos assumam práticas antirracistas”, ressaltou a delegada Carolina Neves.
Casos de racismo
Em maio deste ano, o g1 divulgou o caso de uma mulher de 40 anos que foi presa suspeita de chamar os familiares do ex-namorado de macacos e dizer que eles viviam em senzalas, em Aragoiânia, na Região Metropolitana da capital. A vítima, de 27 anos, denunciou o caso à polícia e mostrou as mensagens e os áudios enviados pela ex-namorada com as ofensas racistas.
Mulher é presa suspeita de racismo por chamar familiares do ex-namorado de macacos
Em outro caso, também divulgado pelo g1, funcionários denunciaram a diretora de uma escola estadual por crimes de racismo e homofobia, em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. Segundo a Polícia Civil, pelo menos quatro pessoas denunciaram os crimes. À polícia, algumas das vítimas contaram ter sido chamadas de ‘negra imunda’ e ‘viado nojento’.
Outra funcionária de um restaurante denunciou ter sofrido racismo de uma cliente após ela pedir para ser atendida por uma atendente branca, na região da Avenida 44, em Goiânia.
O delegado Joaquim Adorno afirmou que, mensalmente, a polícia percebe um acréscimo no número de denúncias.
Saiba como denunciar
A delegada Carolina Neves explicou que o Geacri é um grupo de atendimento a vítimas de delitos raciais e crimes de intolerância que atua principalmente no combate ao racismo, intolerância religiosa, xenofobia e LGBTFobia. A unidade foi criada em agosto de 2021.
“A atuação do Geacri é com foco no acolhimento da vítima, mostrá-la que ela não está só e, em seguida, a repressão do crime”, complementou o delegado Joaquim Adorno.
As denúncias podem ser feitas pelo número 197 ou em qualquer delegacia. As vítimas também podem procurar o grupo presencialmente das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira, e em caso de dúvidas, entrar em contato pelo telefone funcional (62) 98495-2047. O Geacri fica localizado na Praça do Violeiro, no setor Urias Magalhães, em Goiânia, e recebe vítimas de todo o estado.
FONTE: G1 / PCGO